O relatório anual da Organização Não-governamental Oxfam divulgado na manhã desta segunda (26) confirmou o que já era sentido na economia desde que uma quadrilha de estelionatários tomou de assalto a presidência da República em 2016.
Pautado por uma política econômica desastrosa que dinamitou o emprego, a renda e a retomada da atividade econômica, o governo Temer impôs ao país um retrocesso social de proporções internacionais.
No apagar das luzes daquilo que chama o seu “mandato”, o troféu global que o mais reprovado dos presidentes brasileiros levará para casa (ou para a prisão) é o ganho de uma posição no ranking mundial dos países mais desiguais do planeta.
Para a felicidade e deleite do topo da pirâmide social brasileira, pela primeira vez nos últimos 15 anos o Brasil deixou de avançar no combate à desigualdade social.
Sob o título “País estagnado”, os números que o relatório traz mostram que a situação é ainda pior do que parece.
Para além da estagnação dos Índices de Gini e de Desenvolvimento Humano (IDH) verificados em 2017 em relação a 2016, todos os outros indicadores socioeconômicos apresentaram pioras na era pós-Temer.
Saltando aos olhos o que de cara mais chama a atenção é o aumento do número de pobres que cresceu nada menos do que 11% em apenas um ano. Com isso o Brasil já possui oficialmente 15 milhões de seres humanos vivendo em condições miseráveis.
Causa direta do aumento da pobreza e da desigualdade, os rendimentos do trabalho dos 10% mais ricos do país cresceram 6% em 2016 ao passo que os rendimentos dos 50% mais pobres caíram 3,5% no mesmo período.
Nessa esteira, é claro que as desigualdades de gênero e de raça não poderiam ficar de fora.
Ainda segundo o relatório, pela primeira vez em 23 anos a renda média das mulheres caíram em relação a dos homens. Resultado análogo aos rendimentos dos negros em relação aos dos brancos.
A tragédia “Temeriana” não estaria completa se, de quebra, não tivéssemos registrado um aumento na alta da mortalidade infantil de 13,3, em 2015, para 14 mortes de crianças inocentes por mil habitantes em 2016.
Apenas mais um reflexo do desmantelamento das políticas sociais de combate à fome e à miséria no país.
São números vergonhosos que demonstram a gravidade do erro de termos abdicado da democracia e o preço que tamanha insanidade cobra sobretudo daqueles que são justamente os que mais precisam das ações afirmativas do Estado.
Por não termos entendido, valorizado e reconhecido a importância de se construir uma nação em que absolutamente todas as pessoas são incluídas na grande roda da economia, voltamos a nos tornar agora o exemplo mundial a não ser seguido.
E como não existe nada de tão ruim que não possa piorar, o horizonte que se desenha a partir da posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro, é o que de mais grave pudemos compor.
Completamente ignorante e insensível às causas mais prementes de uma sociedade que já vem sofrendo com o abandono estatal, o que o governo Bolsonaro sinaliza de todas as formas é que o ritmo do aumento da miséria no Brasil só irá acelerar ao ponto de em muito pouco tempo muitos países africanos passarem a sentir pena de nós.
Pela ignorância, preconceito, intolerância, racismo, machismo e xenofobia, por vontade própria o país aderiu a um regime de poder em que uns poucos são privilegiados às custas do sacrifício da grande massa popular.
Pelos mesmíssimos motivos, elegemos alguém que fará da tragédia de Temer parecer um simples balão de ensaio para o verdadeiro desastre social e econômico que está â nossa espreita.
A todos os envolvidos, parabéns.