A ONG humanitária de luta contra a fome e desigualdade inglesa Oxfam analisou a reunião do G7, grupo das sete maiores economias do globo, em Hiroshima (Japão). A cidade nipônica, símbolo da luta contra o belicismo, sediou o encontro de líderes mundiais e os resultados da reunião entre os chefes de estado foi decepcionante, segundo Max Lawson, diretor contra desigualdade da Oxfam.
“Os países do G7 falharam com o Sul Global aqui em Hiroshima. Eles falharam em cancelar dívidas e não conseguiram uma maneira para lidar com o enorme aumento da fome em todo o mundo. Eles dispõem de bilhões para financiar guerras, mas não fornecem nem metade do que é necessário para a ONU deter as crises humanitárias mais críticas.”
Fome e dívida
“Se o G7 realmente deseja laços mais estreitos com os países em desenvolvimento e maior apoio à guerra na Ucrânia, pedir aos líderes do Sul Global que se reúnam por algumas horas não vai resolver. Eles precisam cancelar dívidas e fazer o que é preciso para acabar com a fome.
“Os países do Sul Global estão sendo prejudicados por uma crise alimentar e de dívida de grandes proporções. A fome hoje aumenta mais rápido do nas últimas décadas em todo o mundo. Na África Oriental, duas pessoas morrem de fome a cada minuto. Esses países pagam mais de US$ 200 milhões por dia para o G7 e seus banqueiros, dinheiro que eles poderiam gastar alimentando suas populações.
“O dinheiro que eles dizem que fornecerão para as crescentes crises humanitárias do mundo não é nem a metade do que a ONU está pedindo para deter a fome no mundo. Além disso, o G7 adora inflar os números da quantia disponível para enfrentar esse problema”, afirma o diretor da Oxfam.
“Essa crise alimentar e de dívidas são efeitos indiretos da guerra na Ucrânia. Se o G7 quer o apoio do Sul Global, eles precisam agir sobre essas questões – eles devem cancelar dívidas e forçar os bancos privados a participar do cancelamento dessas dívidas, e eles devem aumentar o financiamento para acabar com a fome em todo o mundo”.
Mudanças Climáticas
“O G7 deve ao Sul Global US$ 8,7 trilhões pelas perdas e danos devastadores causados por suas emissões excessivas de carbono.
“É bom que os países desenvolvidos reconheçam a necessidade de manter a elevação da temperatura da Terra em apenas 1,5 grau celsius e se comprometam com essa meta. O G7 culpa o mundo em desenvolvimento, mas eles também não contribuem para a obtenção dessa meta”, diz Lawson.
“Eles dizem que irão financiar menos o uso de combustíveis fósseis, mas usam a guerra na Ucrânia como desculpa para continuar usando petróleo e gás. O G7 precisa parar de usar combustíveis fósseis imediatamente – o planeta está em chamas.”
Saúde
“O G7 tinha um discurso pronto sobre como lidar com a pandemia e sobre impedir a prevalência dos lucros da indústria farmacêutica sobre a saúde humana. Ainda assim, milhões morreram desnecessariamente por conta da falta de vacinas contra a covid. Dada a chance de 27% de termos outra pandemia em uma década, essa omissão é assustadora.”
Ainda sobre dívida, comida e fome
“Mais da metade dos pagamentos de dívidas do Sul Global vão para o G7 ou para bancos privados de países do G7. Mais de US$ 230 milhões por dia estão fluindo para o G7. Os países estão falidos, gastando muito mais em dívidas do que em saúde ou alimentação. Os pagamentos de dívidas cresceram muito pois os países do Sul Global tomam empréstimos em dólares – o aumento da taxa de juros está superdimensionando esses pagamentos.
“O G7 dizer que apoia a suspensão temporária do pagamento da dívida dos países atingidos por desastres climáticos é algo positivo, mas eles podem ir além: cancelar essas dívidas. O dinheiro está fluindo do Sul Global para os países do G7 – essa direção errada”, encerrou Lawson.
Publicado no site da Oxfam. Tradução de Charles Nisz
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