O governo dos Estados Unidos voltou a criticar, nesta quarta-feira (31), a Venezuela pela falta de transparência no processo eleitoral. A administração Biden cobrou a divulgação dos boletins de urna pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que declarou a vitória do presidente Nicolás Maduro na eleição presidencial de 2024.
John Kirby, porta-voz do governo dos EUA para assuntos de segurança, expressou frustração pela falta de clareza e detalhamento dos dados eleitorais. “A nossa paciência e a da comunidade internacional estão se esgotando enquanto aguardamos que as autoridades eleitorais venezuelanas se esclareçam e divulguem os dados detalhados sobre esta eleição”, afirmou.
Kirby reforçou que o Centro Carter, em parceria com observadores independentes, divulgou um relatório contundente sobre as eleições de domingo (29). Segundo o relatório, a eleição presidencial não atendeu aos padrões internacionais de integridade eleitoral e não pode ser considerada democrática.
O Centro Carter, conhecido por acompanhar 124 eleições em 43 países, apontou diversas irregularidades, como o registro de eleitores prejudicados e a falta de transparência no processo eleitoral.
Entre as principais críticas do Centro Carter estão: Registro de eleitores prejudicados por prazos curtos, requisitos excessivos e arbitrários para cidadãos no exterior, resultando em baixa participação, condições desiguais de competição entre Nicolás Maduro e o opositor Edmundo González, tentativas de restringir a campanha da oposição e a falta de transparência na divulgação dos resultados pelo CNE.
No domingo (28), o CNE anunciou Nicolás Maduro como vencedor com 51,2% dos votos, enquanto Edmundo González recebeu 44%. No entanto, as atas de votação não foram divulgadas, e a oposição alegou fraude. María Corina Machado, líder da oposição, afirmou ter acesso a 73% das atas, que indicariam vitória de González.
Uma contagem rápida independente realizada pelo ‘Blog da Sandra Cohen’ confirmou a vitória de González com 66,2% dos votos, em contraste com os 31,2% atribuídos a Maduro.
A situação gerou uma reação de vários países da América Latina, que pediram uma reunião de emergência da OEA para discutir a situação. Argentina, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai pediram uma revisão completa dos resultados.