Padre “explica” abuso sexual contra garoto: excesso nos “carinhos de pai para filho”

Atualizado em 28 de maio de 2023 às 9:03

Após a publicação do livro “Pedofilia na Igreja – um dossiê inédito sobre casos de abusos envolvendo padres católicos no Brasil”, pela editora Máquina de Livros, alguns trechos ganharam repercussão nos últimos dias. Uma das falas mais comentadas é o pedido de desculpas que o padre Edson Alves dos Santos teria pedido à mãe de uma vítima.

No caso, segundo relatos da mãe de Victtor dos Reis Duarte, que tinha 11 anos quando foi assediado pelo sacerdote, o padre falou da necessidade de se retratar com ela. “Ele disse que precisava pedir perdão para mim, pois havia se excedido nos carinhos de pai para filho com o Victtor. Disse que, se eu quisesse, ficaria de joelhos na minha frente, depois pediu para eu não fazer nada contra ele”.

O relato aconteceu durante o julgamento do crime que aconteceu na Igreja Imaculado Coração de Maria, na cidade de Alexânia, Goiás, há 15 anos. Para a avó de Victtor, Iraci, ver o menino subir ao altar como coroinha era um sonho da família, que para ser realizado, o padre pediu que a família fizesse a roupa que a vítima usasse na ocasião. “Foi um dia que eu me senti muito feliz”, relembra.

A relação entre o assediador e a vítima ficou mais próxima quando o padre passou a levar o menino na casa paroquial, em um anexo da igreja. Ali, o sacerdote começou com os toques e carícias até chegar à primeira violência sexual, que se repetia.

A família só soube dos abusos após uma denúncia feita por um colega. Com o exame de corpo de delito feito, o padre foi denunciado pelo Ministério Público de Goiás e condenado a 10 anos de prisão.

No livro-denúncia, Victtor conta como foi crescer após a violência sofrida na infância. Hoje, com 28 anos e pai de dois filhos, a vítima fala sobre como entende que os pais podem agir na vida das crianças. “O pai e a mãe precisam ficar mais alerta com seus filhos, tomar cuidado, conversar… Isso é muito importante, porque às vezes eles não se abrem porque não dão espaço para conversa, aí a criança busca outras pessoas para contar”.

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