A amizade de mais de 30 anos de Élcio de Queiroz e Ronnie Lessa desmoronou há duas semanas, em 14 de junho, quando Élcio delatou a participação do amigo nos assassinatos de Marielle Franco e de Anderson Gomes. A informação é do jornal O Globo.
Élcio confessou que dirigiu o Cobalt prata usado no ataque e afirmou que Ronnie de fato fez os disparos com uma submetralhadora contra Marielle. A vereadora e seu motorista foram executados no dia 14 de março de 2018, por volta das 21h30, no Estácio, no Rio de Janeiro.
A amizade surgiu depois que Lessa começou a namorar uma amiga de infância de Élcio, quando eram adolescentes. Anos depois, ambos passaram a integrar o Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio, no entanto, não chegaram a trabalhar na mesma equipe.
Em delação, Élcio descreveu sua relação com Lessa como sendo de “irmãos”. Ele ainda enfatizou que recebia ajuda financeira, principalmente após 2011, quando o delator foi expulso da Polícia Militar após virar réu na Operação Guilhotina.
“Eu tive dificuldade financeira, perdi minha renda que era certa, fiquei somente com esses bicos que eu fazia, e na época o Ronnie que me ajudou muito. Vira e mexe ele me ajudava com dinheiro pra fazer uma compra. […] Às vezes, ele me emprestava e eu pagava parceladamente, conforme ia fazendo os serviços, muitas vezes também ele abria mão de alguma coisa ou outra. Nossa amizade foi baseada nisso daí, independente do dinheiro, mas a gente tinha uma relação de como se fosse irmão”, revelou o delator.
À Polícia Federal (PF), Élcio também disse que Lessa é padrinho de consideração de seu filho. “Meu filho gosta muito dele, ele faz as vontades dele, então a nossa relação é nesse sentido, de família. Eu sou amigo da família dele, ele é amigo da minha família”, ressaltou.
A relação dos dois, entretanto, começou a mudar depois que Ronnie deixou de repassar o dinheiro para o pagamento do advogado de defesa de Élcio, além da quantia destinada para as despesas da família do ex-PM. A mensalidade de R$ 5 mil acontecia desde a prisão dele, em 2019.
Élcio ainda explicou que o valor foi “minguando” e que há mais de um ano ele não recebe nenhum auxílio. Vale destacar que a quantia repassada por Lessa era fruto de um acordo com o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel, preso na segunda-feira (24), suspeito de também participar da morte da vereadora e do motorista.