O historiador tucano Marco Antonio Villa, demitido recentemente da Jovem Pan, deu entrevista amiga ao Estadão mostrando que continua não entendendo nada de nada.
Villa foi vítima do ódio que ajudou a instaurar no Brasil com diatribes truculentas, difamatórias, reducionistas e seletivas.
“Muitos não entenderam minhas críticas ao governo Lula – elas eram políticas, e não pessoais”, afirma.
O sujeito chamava o ex-presidente de “psicopata” e Haddad de “jaiminho”, alguma piada que seu público, altamente qualificado, entendia.
Agora estranha que “vivemos este extremismo de direita que ninguém imaginava que existia no Brasil”.
Alguns trechos do pensamento vivo de um idiota:
- Acho que eu fui meio, não vou dizer tolo, mas ingênuo, acreditando que a auto-organização da sociedade civil fosse possível em um país que não tem tradição nisso. Diferente por exemplo, dos EUA, e de alguns países da Europa ocidental; eu imaginei que a mobilização em torno do impeachment e da prisão do Lula produzisse uma organização futura, democrática, republicana, e isso não ocorreu. Aquilo acabou gerando pequenos grupos, grupelhos de extrema-direita, que passaram a negar o processo democrático, negar a Constituição, negar as instituições do Estado Democrático de Direito.
- Muitos não entenderam minhas críticas ao governo Lula – elas eram políticas, e não pessoais. Quando comecei a fazer críticas em relação ao governo Bolsonaro, estas pessoas falaram, “pô, estamos decepcionados”. Mas outros entendem meu posicionamento.
- E hoje vivemos este extremismo de direita que ninguém imaginava que existia no Brasil – porque isso aí é uma coisa recente, tem cerca de dois anos, três anos. Ninguém imaginava que existia um extremismo de direita tão violento no Brasil, tão reacionário, que não é nem liberal nem conservador. É reacionário. Algo que apareceu nos últimos tempos, e é produto da desmoralização das instituições feita pelo PT.
- Em termos analíticos, o impeachment foi muito importante. A prisão do Lula simbolicamente foi muito importante para o país, fortaleceu a democracia, porém acho que eu fui meio, não vou dizer tolo, mas ingênuo, acreditando que a sociedade, que a auto-organização da sociedade civil fosse possível em um país que não tem tradição, diferente por exemplo, dos EUA, e de alguns países da Europa ocidental, eu imaginei que a mobilização em torno do impeachment e da prisão do Lula, produzissem uma organização futura, democrática, republicana, e isso não ocorreu. Aquilo acabou gerando pequenos grupos, grupelhos de extrema-direita, que passaram a negar o processo democrático, negar a constituição, negar as instituições do Estado Democrático de Direito.
- É uma coisa difícil de entender, esse Brasil de hoje. Nós nunca tivemos tanto debate político como agora, mas nunca o debate político foi tão pobre, paradoxalmente. Nunca se gostou tanto de política como agora, é verdade, mas nunca o debate político foi tão primário como o que nós vivemos; então é interessante.
- Não foi a primeira vez que me falaram que eu precisava tirar férias [na Jovem Pan]. Nos últimos três meses, isso era sistemático. Parece meio a União Soviética. Na União Soviética quando alguém sumia, oficialmente era ‘desaparecido’, era ‘forte gripe’. Eu fui ‘readequação administrativa’, que é o que está escrito na carta de afastamento temporário que recebi. Fiquei muito puto da vida, achei uma deslealdade com todo trabalho, com toda a seriedade que eu sempre levei ao serviço. Essa questão de não faltar, de estar presente. Eu acordava sempre às 4 da manhã, lia todos os jornais, os sites, entrava ligado no ar. Saía morto, em condições lamentáveis. Cheguei a fazer coberturas contínuas com quase 16 horas no ar, como no episódio em que o Lula foi preso. E naquele dia, o canal da Jovem Pan teve 12 milhões de visualizações. Agora nas eleições fiquei 11 horas consecutivos no ar, nem ao banheiro eu fui, de tão ligado que estava. Eu tenho compromisso com quem me ouve.