O ex-presidente Fernando Henrique foi ao Twitter na manhã desta sexta para falar sobre os primeiros 45 dias do governo Bolsonaro.
“Início de governo é desordenado”, escreveu. “O atual está abusando”.
Abusando e mais um pouco.
O que Jair Bolsonaro está conseguindo é um fato inédito no mundo: colocar um país inteiro para defender um suspeito de grossa corrupção como o secretário-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno.
Segundo a Folha, Bebianno autorizou o repasse de R$ 250 mil do fundo eleitoral para a candidatura de uma ex-assessora — esta, por sua vez, justificou o uso de parte deste dinheiro com notas fiscais de uma gráfica que seria de fachada.
O secretário-Geral da Presidência também teria autorizado os repasses de R$ 400 mil para uma suposta candidata laranja apoiada pelo atual presidente nacional do PSL e deputado federal por Pernambuco, Luciano Bivar.
Nada disso, porém, incomodou mais a opinião pública e o meio político que a forma atrapalhada e truculenta como o presidente lidou com as denúncias.
Do leito do hospital, tramou com o filho Carlos uma operação Tabajara para fritar o subordinado e forçar a sua demissão.
Bebianno fez como Paulo Preto, em São Paulo, quando o ex-diretor da Dersa se viu abandonado por Serra por conta das denúncias de desvio de recursos da estatal e transferência para a Suíça.
“Não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada”, ameaçou o ex operador tucano. “Não cometam esse erro”.
Se funcionou com Paulo Preto, por que haveria de ser diferente com Bebianno?
Bastaram duas ou três ameaças de contar tudo o que sabe para que o capitão da reserva decidisse, entre Carlos, o filho, e o auxiliar, quem seguiria dando as cartas no Planalto.
Bebianno venceu, mas o Brasil perdeu duas vezes.
Porque a manutenção de um suspeito de corrupção dentro do núcleo duro do poder é tão nociva quanto o ambiente tóxico imposto ao país por Bolsonaro e seus filhos.