Da mesma forma que Geraldo Alckmin causa ogeriza em setores de esquerda por seu perfil neoliberal, entre militantes tucanos a presença do ex-governador como candidato a vice de Lula em 2022 também não é vista com bons olhos.
Tucanos históricos disseram ao DCM que não faz sentido a aproximação.
Numa piada usando a expressão água e óleo, que não se misturam, há quem diga que a aproximação lembra a mistura de água e pinga, numa alusão ao conservadorismo do ex-governador e a simpatia declarada do ex-presidente pela branquinha nacional.
Tucanos mais radicais apontam João Doria, inimigo declarado de Alckmin, como indutor da fofoca envolvendo as conversas do ex-governador com o PT.
Outros, quando perguntados, repassam mensagem de WhatsApp de Alckmin onde, para variar, ele não diz sim nem não, limitando-se a informar que está percorrendo o Estado de São Paulo e que na hora certa vai falar sobre seu destino.
O DCM consultou quadros do PT para saber mais sobre a articulação envolvendo o nome dos dois líderes numa dobradinha em 2022, com Lula candidato a presidente e Alckmin, que está de saída do PSDB, como vice:
“Especulação somente não é. Houve conversas, sim. Chalita e Haddad foram os responsáveis pela articulação. Se se concretizarem, seria uma jogada política de graves maestria: de uma lado, Lula precisa de votos em São Paulo, território mais conservador para ideias petistas e acalmaria o Mercado.
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Por outro, tiraria Alckmin da disputa pelo governo de São Paulo o que beneficiaria diretamente Haddad que, sem o por enquanto tucano, alcança o primeiro lugar na pesquisa DataFolha.
Agora, para isso se concretizar está muito longe.
Alckmin tem muita resistência dos setores petistas e da esquerda pelo seu perfil neoliberal a quem o PT e os movimentos sociais sempre fizeram oposição e parte do eleitorado do ex-governador estranhará muito ele junto com Lula.
São movimentos que, se não darem certo, no limite ajudam na relação para apoios mútuos num hipotético segundo turno”.
Lula cataliza interesses de um mundo complexo e caótico
O certo é que, a primeira vista, o negócio interessa mais a Alckmin que ao próprio Lula.
Enquanto o ex-governador não tem a menor ideia de qual padaria vai tomar o seu café amanhã, Lula se consolida como uma liderança que transcende os horizontes do país.
Virou uma personalidade global, celebrado e apontado como alguém capaz de catalizar interesses diversos num mundo cada vez mais complexo e carente de lideranças. Aqui no Brasil é líder absoluto em todas as pesquisas e, lá fora, apontado como alguém que, como Nelson Mandela, foi vítima de uma injustiça hedionda que precisa ser reparada.
Ser vice de Lula é como comprar um bilhete premiado de loteria
Para ajudar, não só o Brasil, mas o mundo quer Bolsonaro fora da presidência.
Ser candidato a vice de Lula, na atual circunstância, é como comprar um bilhete premiado de loteria, sentar numa poltrona e aguardar o sorteio.
A favor de Alckmin está o fato de que já passou por uma situação assim: quando ninguém podia imaginar, em 1993 ele foi escolhido por Mário Covas para integrar a vice na sua chapa na disputa pelo governo de São Paulo.
A seu favor, considerando seu exemplo naquele momento, foi um vice leal e digno.
Sob esse ponto de vista, Lula não está de todo errado quando diz que, em caso de ter Alckmin como vice, ao menos poderá dormir em paz.
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