Golpe é uma palavra muito forte, disse Haddad.
Foi, sem dúvida, uma das maiores asneiras pronunciadas por Haddad em sua vitoriosa carreira.
Forte é removerem uma presidente eleita numa gambiarra descarada.
Forte é deixarem Eduardo Cunha conduzir um processo imundo quando já pesavam contra ele provas esmagadoras.
Forte é o jornalismo de guerra que massacrou Dilma desde que ela ganhou seu segundo mandato com 54 milhões de votos.
Forte foi a Lava Jato com suas operações espetaculares voltadas exclusivamente contra o governo de Dilma e contra Lula.
Forte é Aécio, citado em tantas delações, dizer no Senado que a impunidade tem que acabar.
Forte é Serra levar 23 milhões de reais em dinheiro sujo e continuar no cargo de chanceler como se nada houvesse acontecido.
Forte é Temer assumir interinamente um governo e promover mudanças capitais a favor da plutocracia antes de ser efetivado.
Forte é a negociação espúria que levou senadores relutantes como Romário a aderir ao golpe.
Forte é a cara de pau de Moro em dizer que nunca chegaram à Lava Jato denúncias contra o PSDB.
Forte é Teori Zavascki esperar cinco meses para se mexer em relação ao pedido de afastamento de Cunha.
Forte é Carmen Lúcia dizer que não quer ser chamada de presidenta do STF porque é amante do português, como se Dilma fosse uma idiota.
Forte é ver trânsfugas como Cristovam Buarque defenderem sua postura vergonhosa.
Forte é ver FHC bradar contra a corrupção de maneira tão cínica, ele que comprou votos para se reeleger e que encheu a Globo de dinheiro público para ganhar apoio dela.
Forte, fortíssimo, é ver 54 milhões de votos serem destruídos e, com eles, a democracia tão jovem de um país acostumado a toda espécie de golpes da plutocracia — golpes que vão muito além dos militares, como vimos em 2016 e Haddad parece não ter visto, como a Carolina na janela de Chico Buarque.