Publicado originalmente pelo Brasil de Fato:
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha defenderam, nesta sexta-feira (17), que é fundamental que o governo coloque mais dinheiro para girar entre a população a fim de enfrentar a pandemia do novo coronavírus. Eles participaram do programa “Café com MST”, transmitido nas redes sociais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
“A única possibilidade de uma parcela da sociedade ficar no isolamento é receber dinheiro. Não é secundário e é responsabilidade do Estado”, disse Lula. “Não haverá solução se o Brasil não colocar dinheiro novo para alargar a base monetária, para cuidar das pessoas que precisam ficar em casa, para fazer novos investimentos”, defendeu.
O ex-presidente criticou a fala de Jair Bolsonaro da quinta-feira (17), justificando a demissão de Luiz Henrique Mandetta do cargo de ministro da Saúde pela “questão do emprego”.
“Se ele tivesse preocupado com o emprego, ele não tinha mandado tantas medidas provisórias prejudicando o trabalhador como ele mandou. Ele fala do emprego como se tivessem milhões de empregos oferecidos, quando o Brasil já tem praticamente 50% da sua força de trabalho, hoje, na informalidade e que tem poucas oportunidades de emprego”.
Lula ressaltou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) no combate à pandemia. “Se não fosse o SUS, se dependesse da iniciativa privada, o Brasil estaria morrendo. Porque o SUS é a garantia que nós temos de que as pessoas vão ser tratadas com respeito”.
Padilha, que foi ministro no mandato de Dilma Rousseff (PT), seguiu a mesma linha crítica. “Não é possível enfrentar essa crise da saúde, do coronavírus, a crise econômica, com a crise política que é causada pelo Bolsonaro todo dia. Não é possível liderar o país para enfrentar essa crise com uma figura como o Bolsonaro”, afirmou.
Questionado por Lula sobre o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, Padilha o classificou como “um homem de negócios”.
“É um homem que viu um jeito de ganhar dinheiro, gerar lucros, a partir de uma doença que é gravíssima, que é o tratamento do câncer. É um homem da iniciativa privada que vê a saúde como algo a ser vendido, a ser comprado, e vê uma forma de ganhar dinheiro e de fazer os outros ganharem dinheiro em algo tão grave como é o câncer”.
O ex-ministro da Saúde disse torcer por “uma conversão” do atual detentor do cargo. “Eu torço para que ele tenha uma conversão, porque o Mandetta… Eu digo que tem o Mandetta A.C. e o Mandetta D.C.: o Mandetta antes do coronavírus e o Mandetta depois do coronavírus. O Mandetta começou a vestir até colete do SUS. Torço para que tenha algum grau de conversão para o próximo ministro”.