POR TIAGO BARBOSA
A estagnação de Haddad (21%) no Ibope tem duas interpretações possíveis.
A primeira satisfaz de antipetistas a isentões e identifica o cenário como sintoma de uma sociedade intolerante ao partido.
A alta rejeição (38%) justificaria a busca por alternativas no campo progressista para enfrentar o fascismo bolsonarista.
Mas há outro entendimento possível: a manutenção do quadro é prova de resistência contra o linchamento generalizado.
A pancadaria recente não é desprezível.
Ciro Gomes e Marina Silva embarcaram no vale tudo verbal contra o partido e aderiram à tese do extremismo de esquerda plantada pela direita.
Alckmin demoniza o PT e critica no candidato fascista a incapacidade de fazer frente aos petistas – o mal maior, sugere, a ser combatido.
As hordas de Bolsonaro destilam raiva e disseminam fake news contra o PT – ante a inércia do Judiciário – para encobrir o vazio de propostas e saciar o eleitorado forjado no ódio das passeatas pelo impeachment.
A mídia mantém a torrente de críticas para estereotipar a campanha petista em torno de três pilares: “Haddad não decide, é poste”, “o partido é corrupto” e “ameaça a democracia tanto quanto Bolsonaro”.
A Justiça atua em duas frentes.
Silencia a voz de Lula com a subversão da lei, à la Fux, e subsidia a difamação do partido com decisões seletivas e vazamentos, à moda Moro.
A orquestração anti-PT, no entanto, tem esvaziado o campo progressista e inflado a ultradireita.
Após bater em Haddad e Lula, Ciro e Marina só caíram. Quanto mais ódio, mais pancada, menos votos – acomodados justamente no colo de Bolsonaro (subiu de 27% para 31%).
A poucos dias do primeiro turno, os números do Ibope refletem dois fenômenos.
O ódio ao partido é fator decisivo na intenção de voto.
O esfarelamento da esquerda e do centro combinada com a obsessão antipetista da direita só ajuda a eleger Bolsonaro.
Mas, se o fascismo ganhar, é claro, o país já sabe em quem pôr a culpa: o bom e velho inimigo de sempre – o PT.