Se o cirismo tem seu Carluxo — o assessor parlamentar e professor Gustavo Castañon –, seria inevitável que também tivesse seu Malafaia.
No bolsonarismo invertido da candidatura de Ciro Gomes, quem se presta a esse papel é o pastor Alexandre Gonçalves, que se declara também policial rodoviário federal e vice-presidente do sindicato da categoria em Santa Catarina.
“Meu rebanho são os pobres, rejeitados e quebrantados de nosso país”, diz ele.
Gonçalves tem um apetite insaciável para xingar e atacar. No Twitter, onde mora, ele resolveu partir para cima de Geraldo Alckmin.
“Cerco a carro de candidato, drone com veneno, bomba caseira, assassinato de militante político em aniversário, atentado na Argentina, troca de tiros dentro de igreja por discussão política em Goiás: e ainda me perguntam por qual razão me uni ao presidente Lula”, escreveu Geraldo.
Gonçalves rebateu com uma declaração antiga do então governador Alckmin sobre a desocupação de Pinheirinho, quando uma ordem judicial determinou que mais de 6 mil pessoas fossem colocadas na rua em janeiro de 2012, em São José dos Campos, no Vale do Paraíba.
Na sequência, escreveu o seguinte para uma internauta: “Eu também estou decepcionado com a despolitização das pessoas que não lembram quem foi responsável por Pinheirinho, que sempre falou palavras de ódio contra o seu atual candidato, a favor de estado mínimo e agora é vice de alguém de mais de 70 anos e que já teve uma doença grave.”
Noves fora o fato de que Alckmin foi cortejado por Ciro, Gonçalves está sugerindo que o ex-presidente está velho demais para a presidência e que o câncer na garganta, curado há dez anos, pode voltar. O próprio Ciro apagou um tuíte nesse sentido.
Antes de o tucano optar por Lula, Gonçalves cravou que ele seria “um bom vice”. “Nunca chamei ele de ladrão”, escreveu. Mais: concordava que Alckmin era “decente”, “respeitável”, “um democrata”.
A comparação com Malafaia talvez seja injusta. Nem o detestável Silas desceu tanto quanto o pastor Gonçalves.