Pastor das fake news: patrimônio de Marco Feliciano cresceu 73% no governo Bolsonaro

Atualizado em 19 de agosto de 2022 às 17:10
Feliciano e Bolsonaro

Por Paulo Motoryn

O deputado Marco Feliciano (PL-SP), que também é pastor evangélico, enriqueceu R$ 2 milhões nos últimos quatro anos, período em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve à frente do governo federal.

Feliciano é um dos principais aliados do chefe do Executivo, que disputa a eleição presidencial contra o ex-presidente Lula (PT). O pastor admitiu, em entrevista à Rádio CBN, que está espalhando que o PT pretende fechar igrejas caso volte ao poder. A informação é falsa.

Em sua declaração de bens à Justiça Eleitoral para o pleito deste ano, Feliciano declarou ter, como patrimônio, R$ 4.797.415,75. Há quatro anos, em 2018, eleição que marcou a vitória de Bolsonaro, o valor era de R$ 2.766.327,19. O crescimento foi de 73%.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a renda média mensal do brasileiro caiu, de R$ 2.823, no início de 2019, para R$ 2.613 no trimestre de março a maio deste ano.

O salto patrimonial do pastor chegou a 106% nos quatro anos anteriores, já que declarou R$ 1.341.464,92 em 2014. O percentual de crescimento atingiu o ápice (111%) no seu primeiro mandato na Câmara, para o qual foi eleito em 2010, à época com patrimônio de R$ 634.800.

As informações constam na plataforma DivulgaCandContas, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A declaração de bens do candidato em cada uma das eleições disputadas por Feliciano desde 2010 pode ser conferida clicando aqui.

Outro lado

A reportagem tentou contato com o gabinete do congressista na Câmara dos Deputados por e-mail e com os contatos fornecidos no site oficial de Feliciano. Até o momento, não houve resposta. O espaço segue aberto para manifestações.

Fake news sobre fechamento de igrejas

Nesta semana, em entrevista à Rádio CBN, depois de apuração apontar que ele está espalhando que o PT pretende fechar igrejas caso volte ao poder, Feliciano admitiu abordar o tema em cultos evangélicos.

“Conversamos sobre o risco de perseguição, que pode culminar no fechamento de igrejas. Tenho que alertar meu rebanho de que há um lobo nos rondando, que quer tragar nossas ovelhas através da enganação e da sutileza. A esmagadora maioria das igrejas está anunciando a seus fiéis: ‘tomemos cuidado’”, afirmou Feliciano, que é pastor da Assembleia de Deus Ministério Catedral do Avivamento.

Em resposta, o coordenador de comunicação da campanha de Lula, Edinho Silva, lembrou que foi justamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o responsável por regulamentar a liberdade de constituição de igrejas no Brasil.

“A notícia, além de falsa, é absurda. Foi Lula quem regulamentou, em 2003, a liberdade de constituição de igrejas no país. Se tem alguém que governou respeitando a religiosidade, em especial a evangélica, foi ele”, disse o petista.

Segundo pesquisa Datafolha de 2019, 31% dos brasileiros são evangélicos. Esse segmento é um dos únicos em que Bolsonaro, candidato à reeleição, supera Lula em intenções de voto.

Publicado no Brasil de Fato