Publicado no Facebook de Palmério Dória
Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, então todo-poderoso diretor de engenharia da Dersa, estatal responsável pelas maiores obras do Estado de São Paulo, chegava ao comitê central tucano, durante a campanha de José Serra para a presidência em 2010, no edifício Joelma, Anhangabaú, anunciando:
— Chegou o Papai Noel!
O dinheiro de pagamento do pessoal vinha no porta-malas do automóvel. Sua relação com dinheiro era de total intimidade, como se desse em árvore no quintal. Um empreiteiro que o procurou em seu apartamento, reclamando o atraso de pagamento de R$ 800 mil, esperou uns momentos na sala enquanto Paulo Preto ia até um cômodo e voltou de lá com os R$ 800 mil cash.
Gente que trabalhou com ele no Rodoanel paulistano achava graça quando faziam escarcéu diante da acusação de ele ter sumido com R$ 4 milhões. Relatavam que no escritório da Dersa no canteiro de obras, tinha dinheiro vivo em tudo quanto era armário e escaninho.
Pois num debate do segundo turno, acuado por Dilma, Serra decidiu que não conhecia Paulo Preto algum, mesmo com tal personagem já exposto nas páginas da IstoÉ em matéria de capa por um importante membro do próprio partido, Eduardo Jorge Caldas Pereira, o EJ, como o autor daquele sumiço na arrecadação.
No estilo mafioso, Paulo Preto disparou na Folha: “Não se larga um líder ferido na beira da estrada a troco de nada”.
Serra entendeu o recado e, no mesmo dia, cercado pela imprensa, inocentou-o enfaticamente. “Ele não fez nada. Ele é totalmente inocente nessa matéria.”
Arrogante, fez uma confecção de amigos — Aloysio Nunes, a quem emprestou R$ 300 mil pra completar a compra de um certo apartamento — e outra bem maior de inimigos — Alberto Goldmann, que escreveu a Serra descrevendo-o como “vaidoso e incontrolável”.
Incontrolável. Imagine Paulo Preto abrindo o verbo sobre a dinheirama movimentado no Assadgate numa delação premiada. Imagine.