Publicado originalmente no blog do autor
Por Fernando Brito
Furibundo, coube ao general Eduardo Pazuello anunciar, com entonação marcial, como “vitória” a acachampante derrota de Jair Bolsonaro na guerra da vacina.
Disse que poderia ter sido o primeiro a vacinar, sem explicar como faria isso sem uma dose sequer de vacina nas mãos e, pior, contando com a vacina obtida por São Paulo, cujo governador foi por ele chamado de aplicador de “golpes de marketing”.
Coisa que, é claro, Doria fez, mas com vacina, enquanto Pazuello limitava-se ao “Dia D e Hora H”, que só acontecerão na quarta-feira por conta da vacina paulista.
O dia já tinha começado “ruim”, com o presidente da Anvisa, um militar que deveria ser “de confiança”, defendendo o distanciamento social, a máscara e negando que houvesse terapia (leia-se cloroquina) para a doença.
Depois, ficou evidente, na análise da Anvisa, a Coronavac não tinha significativa inferioridade imunológica sobre a da Oxford/Astrazeneca/Fiocruz que, além do mais, se fundamentou em estudos ‘mix” de três países e numa análise “remota” de conformidade da planta de produção indiana.
Com a aprovação da Coronavac na Anvisa seria impossível pretender conter João Doria com um simples contrato de exclusividade que impedia a venda, mas não dava direito exclusivo ao imunizante.
Dória usou isso e ainda fez farol com 50 mil doses da reserva do Butantan para Manaus.
Mas o dia péssimo não será o único. A segunda-feira também será de desencontros, porque só agora à tarde os governos estaduais estão sendo avisados da entrega, ainda sem quantidades exatas da vacina para distribuição. Entregar nos aeroportos de capitais é uma coisa, fazer chegar às cidades mais distantes é outra, bem mais difícil.
Bolsonaro, até agora, recolheu-se e o mesmo se pode dizer de seus áulicos nas redes sociais, que estão praticamente mudos.
Humilhado, grosseiro, Eduardo Pazuello está à beira de uma explosão, de um descontrole.
Até a Procuradoria Geral da república, mansa como é, já quer averiguar suas evidentes responsabilidades na crise de Manaus.
O general está visivelmente furioso.
Mas há gente mais furiosa que ele, os generais que o veem trazer para o Exército a imagem de incompetência e despreparo que seu desempenho no ministério exala.