O ex-ministro da Saúde e atualmente deputado federal Eduardo Pazuello (PL-RJ) sugeriu usar as Forças Armadas para tentar reverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse de Lula, segundo o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes. O general da reserva é apontado como responsável por dar sugestões para implementar uma intervenção militar.
Segundo Freire Gomes, Pazuello queria uma “ação militar visando impedir a posse do governo eleito”. Durante o interrogatório, ele foi questionado sobre quais providências tomou em relação às sugestões do general, mas afirmou que via o caso como uma “questão política”.
Para o então comandante do Exército, o fato de Pazuello estar na reserva e já eleito como deputado federal transformava sua sugestão em uma ação política que não teria qualquer influência direta nas Forças Armadas.
Assim, Freire Gomes assumiu que foi omisso no caso do ex-ministro da Saúde, já que não determinou apuração das sugestões golpistas. Generais da reserva seguem respondendo às Forças Armadas e possuem obrigações legais com as instituições.
Ele também foi poupado em 2021 pelo Exército após subir em palanque e defender o ex-presidente Jair Bolsonaro em uma motociata. Na ocasião, ele era um militar da ativa e também não foi alvo de apuração nas Forças Armadas.
Como é deputado federal atualmente, o general da reserva só poderia ser preso em flagrante por crime inafiançável e após um eventual julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele também foi mencionado na delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Segundo Cid, Pazuello participou de uma reunião com Bolsonaro para “dar sugestões e ideias de como ele poderia, de alguma forma, tocar o artigo 142”, dispositivo da Constituição Federal citado erroneamente por bolsonaristas como um meio de promover uma intervenção militar de forma legal.