O Partido da Causa Operária, o PCO, está em “campanha” pela Palestina. Ao mandar um pix para palestina@pixbr.net, quem estiver preocupado com o genocídio em Gaza não fará uma doação à legenda.
O dinheiro é enviado para Henrique Áreas Araújo, filiado ao PCO desde 2007. Ele é cientista político formado pela Unicamp, trabalhou nos Correios e é secretário nacional de Agitação e Propaganda e membro do Comitê Central do Partido, além de apresentador dos programas da TV da Causa Operária.
Áreas aparece em uma troca de mensagens entre João Jorge Caproni e Natália Pimenta, filhos de Rui Costa Pimenta, o dono do PCO e das empresas envolvidas com a legenda que não elege ninguém. Conforme publicado com exclusividade no DCM, o secretário foi um dos lesados por atrasos nos pagamentos enquanto a família Pimenta viajou até a Europa em 2019, o que gerou processos na Justiça.
Natália Pimenta disse ao irmão nos diálogos:
“Mas responde alguma coisa. Isso cria insegurança”.
“Fala que vai ver depois (…). Qualquer coisa. Faz isso. Tenho pós em atrasar pagamentos. Nunca deixe alguém que está te cobrando no vácuo. Ele vai achar que você está fugindo. Vai ficar inseguro e a relação vai piorando”.
Ela prossegue:
“Henrique [Áreas] e Juca Simonard receberam o salário de junho? Não vou ficar com dois parasitas aqui. Precisamos terminar a reforma do banheiro, pagar contas”.
Mesmo após ser chamado de “parasita” pela filha de Rui Costa Pimenta, Henrique Áreas saiu em defesa do partido em 2022 após a publicação dessas reportagens. Ele procurou o jornalista Fernando Miller, do DCM, para reclamar do teor da matéria com o título “PCO ganha dinheiro perdendo eleições e tem advogado sócio dos filhos do dono do partido”.
Áreas disse para Miller: “Por que não veio nos procurar, ou me procurar para esclarecer e ouvir a nossa posição? Até onde sei nunca tive problema com você (…). Dizer que o Juliano [Alessander, advogado que foi sócio de João Caproni e Natalia Pimenta, filhos de Rui] que é militante do partido é Queiroz [o faz-tudo que trabalhou para Bolsonaro]. Isso não é um problema de fontes oficiais, é uma calúnia. Isso, só pra pegar um ponto. Você me desculpa, mas é uma coisa surreal, parece a campanha da direita contra o PT”.
Ele prosseguiu: “O site oficial mostra, por exemplo, como o dinheiro foi parar na conta do Rui [Costa Pimenta], da Natália [sua filha], etc? Se no site oficial tivesse alguma coisa assim, a gente estaria preso”.
Jantar pelo dobro do preço
O Diário da Causa Operária, o DCO do PCO, divulgou que a legenda fará um jantar em 20 de abril pela “Revolução Palestina no País”. De acordo com o Partido da Causa Operária, o evento deve acontecer nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Florianópolis, Brasília, entre outras.
O preço do regabofe é R$ 200 por pessoa para, segundo eles, financiar sua campanha internacional. Em São Paulo, o restaurante escolhido é o Gato Que Ri, no bairro da República, de culinária italiana.
O nhoque e as bruschettas do estabelecimento saem por R$ 30 cada. O couvert de entrada é R$ 18. Uma refeição completa no restaurante, com entrada e bebida, sairia por pouco mais de R$ 100.
PCO quer cobrar o dobro do preço para pagar, de acordo com eles, 40 mil adesivos de “Palestina Livre” e um com a bandeira de Israel estampado com um X.
O jornalista que levou uma “volta do PCO”
Leo Aversa, jornalista do Globo, afirmou que levou uma “volta” (um jeito carinhoso de chamar de golpe) do Partido da Causa Operária. “Comprei, por R$ 120, uma bolsa do Trotsky e uma camiseta do Lênin. Já me via arrasando na festa com o meu presente revolucionário”, escreve ele. Era um presente de aniversário.
“Já se passaram 15 dias, o aniversário já foi e nada da encomenda. Na lojinha não respondem e-mail, não atendem o telefone, fingem de mortos no zap”.
Em uma live, o dono do partido, Rui Costa Pimenta, tentou responder: “Os companheiros que trabalham na loja não são uma burocracia como na União Soviética, super bem paga. Em grande medida, o trabalho dos companheiros é voluntário”.
“É ineficiência, não vamos negar que é ineficiência, mas não tem nada a ver com a burocracia soviética. É a ineficiência de um partido pobre que tem dificuldade de fazer algumas coisas”, completa.
Sem representantes eleitos no Congresso, o PCO não recebe verbas do Fundo Partidário. Assim, sua única fonte de renda conhecida é o Fundo Eleitoral, que foi criado em 2017 para financiar as campanhas eleitorais depois que o STF proibiu as doações de empresas.
Segundo o TSE, o PCO recebeu R$ 1 milhão nas eleições de 2018 e R$ 1,2 milhão nas de 2020. Para 2022, a legenda recebeu R$ 2 milhões. Foram mais de R$ 4 milhões de recursos públicos de 2018 a 2022. Não tem um vereador eleito.
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