PDT deve perder parlamentares se bancada repetir votos em PEC dos Precatórios

Atualizado em 9 de novembro de 2021 às 8:47

Publicado na Rede Brasil Atual

Parlamentares do PDT
Túlio Gadelha, Duda Salabert e Goura Nataraj: “Filiamo-nos no PDT por causa de suas raízes, por causa do trabalhismo.
Fotos: Divulgação/PDT

Por Eduardo Maretti

O deputado federal Túlio Gadelha (PDT-PE), o deputado estadual Goura Nataraj (PDT-PR) e a vereadora Duda Salabert, do mesmo partido em Belo Horizonte, divulgaram na noite desta segunda-feira (8) uma carta aberta – intitulada “Por um PDT que honre suas lutas e raízes” – na qual condicionam sua permanência no partido à votação da bancada da legenda contra a PEC dos Precatórios, prevista para esta terça-feira (9). A proposta de emenda à Constituição é vital para o governo de Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

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“Assim como Ciro Gomes suspendeu sua pré-candidatura à presidência como forma de apelo para que parlamentares do PDT mudem sua posição em relação à PEC dos Precatórios, entendemos que nossa participação e permanência no partido será também repensada caso a bancada do PDT mantenha os votos favoráveis à PEC dos Precatórios.  Tornamos pública essa posição crítica por entender os riscos dessa PEC para o país”, diz a carta.

Na votação em primeiro turno, na madrugada do dia 4, a Câmara aprovou a PEC 23/2021 por 312 votos contra 144. Dos 24 deputados da bancada do PDT, 15 votaram pelo “sim”, junto com o governo, apenas seis foram contra e três não votaram.

“Filiamo-nos no PDT por causa de suas raízes, por causa do trabalhismo, por causa de Leonel Brizola, Darcy Ribeiro, Mário Juruna, Lélia Gonzalez, Francisco Julião, Manoel Dias, entre outras figuras importantes que por ele passaram e que nos são referência”, dizem os parlamentares na carta aberta. Segundo eles, o papel histórico do PDT, construído pelas lideranças citadas, “não pode ser reduzido a quadros na parede”, continua o documento.

Bolsa Família

De acordo com a carta aberta dos parlamentares do PDT, a votação em segundo turno da PEC dos Precatórios “tem grande relevância não apenas para a população brasileira, mas também para os partidos, pois nessa votação ficará explícito em quais legendas partidárias as pessoas podem confiar”.

Os signatários afirmam que a PEC dos Precatórios desagrada a direita, por permitir estourar o teto de gastos públicos, e setores da esquerda, por “ser uma proposta cheia de gambiarras e construída às pressas para viabilizar a substituição de um programa exitoso e criado a partir de vários estudos socioeconômicos – o Bolsa Família – pelo improvisado ‘Auxílio Brasil’”.

“Não restam dúvidas de que é urgente e necessário aumentar, nesse momento de crise humanitária, os valores para os programas sociais. Isso poderia ser feito por diversos meios, mas o governo optou por um caminho irresponsável (sem grandes estudos econômicos), eleitoreiro (funcionará apenas no ano eleitoral) e imoral (amplia espaço para usar dinheiro público para comprar votos de parlamentares)”, diz o documento dos parlamentares pedetistas.

Leia íntegra da carta

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Com pré-candidatura suspensa, Ciro perde um de seus principais apoiadores no PDT

Cabo eleitoral de Ciro Gomes em SP, Gabriel Cassiano está de saída do PDT. Assim como Tabata Amaral, ele trocará o partido pelo PSB.

A mudança acontece logo depois de Ciro suspender sua pré-candidatura, após 15 dos 21 deputados pedetistas votarem a favor da PEC dos Precatórios.

Segundo a coluna Radar, Cassiano acredita que o PSB é o único partido capaz de construir uma aliança progressista em 2022. Para ele, Ciro deveria fazer o mesmo.

Cassiano, que já tentou ser vereador e deputado mas não conseguiu, afirma que vai se dedicar à candidatura de Márcio França ao governo de São Paulo.

“Ele sabia de tudo”: Ciro Gomes não foi pego de surpresa com votos do PDT na PEC

Ciro Gomes sabia que um grupo de deputados do PDT estava decidido a votar na PEC dos Precatórios. Mas o presidenciável trabalhou internamente para convencer todos a seguirem o seu desejo: ir contra o interesse do governo Bolsonaro. Carlos Lupi, presidente da sigla, apoiou a decisão do ex-governador do Ceará. Porém, eles falharam na missão.

Após a votação, Ciro suspendeu sua pré-candidatura e os bastidores da sigla explodiram. Lupi iniciou o plano “apaga-incêndio” e começou a conversar com cada deputado da legenda. Ele deixou claro que o PDT precisa ser oposição e seguir o projeto que Gomes tem.

Só que escutou diversas reclamações. Um grupo informou que não podem ficar sem emendas. “Eu falei que muitas cidades da minha base estão com o orçamento comprometido com pagamento de pessoal. Não tem como investir. Então os únicos investimentos saem das emendas. Sem elas, não temos a menor chance no ano que vem”, falou um parlamentar que pediu para não ter seu nome revelado.

“Ele [Ciro] sabia de tudo. Ele sabia que muitos de nós iríamos votar a favor da PEC. Só que não aceitou e reagiu fortemente hoje de manhã”, lamentou. “Eu e outros colegas defendemos que o PDT precisa liberar os parlamentares para votarem como quiserem. O Ciro tem a posição dele, mas temos a nossa também”, completou.

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