Pra variar, torta de climão nos estúdios da PlimPlim.
Dessa vez a bronca foi que Pedro Bial convidou, no mesmo dia, para participarem do programa a apresentadora Fernanda Lima e o cantor sertanejo Eduardo Costa, mais conhecido pelos posts ofensivos que fez contra Fernanda do que pela música que vende.
Não se convida pessoas que têm rusgas entre si para a mesma festa – muito menos para o mesmo programa de televisão, que escancara o constrangimento em rede nacional. Isso é etiqueta básica.
Por outro lado, não me parece puramente falta de elegância: a postura ofensiva do sertanejo contra Fernanda Lima ganhou repercussão nacional. Ele chamou-a de “imbecil com discurso esquerdista” e disse entre outros clichês bolsonaristas que “a mamata vai acabar”.
Um parêntese: bolsominions não conseguem se comunicar sem esses jargões clichês que não guardam nenhuma ligação com a realidade? Seria bacana virar o disco.
A intenção do sertanejo – como faz a maioria dos machistas – era pedir desculpas a Fernanda em rede nacional. Segundo o colunista Ricardo Feltrin, a apresentadora ficou irritada e manifestou seu descontentamento a pessoas ligadas ao programa.
E tá errada?
Querer se desculpar – embora seja a atitude mais comum em machistas reincidentes – é louvável, mas precisa ser em rede nacional e de surpresa? Ao permitir, Pedro Bial endossa um comportamento que constrange ainda mais uma mulher já publicamente ofendida, e ao imbuir-se dessa audácia, o cantor sertanejo pouco conhecido prova seu oportunismo.
O pedido de desculpas foi tão raso quanto as ofensas, e repetiu um comportamento lamentável, porém comum: “Quero pedir desculpas a ela e ao marido dela, à família dela.” Por que há sempre o pressuposto sutil de que somos extensões de nossos companheiros?
Se esse pedido de desculpas fosse de fato sincero, teria se dado em condições menos constrangedoras e aprofundando o debate sobre pautas progressistas serem frequentemente associadas à imoralidade, mas aprofundar o discurso parece não ser lá a especialidade de Eduardo Costa, que vive de chavões e “graças a Deus”. Um pedido de desculpas sincero não requer aplausos em um programa de auditório.
O pedido de desculpas meia-boca não surpreenderia se fosse postado no Twitter, mas daí a Pedro Bial abrir as portas pra esse vexame?
Fernanda Lima, por sua vez, mantém a elegância e segue fazendo o que importa: o seu trabalho, que continuará incomodando gente como Eduardo Costa, que não suporta uma mulher linda e com discurso feminista na TV aberta – feminismo é pra incomodar mesmo, se fosse pra agradar seria orgasmo fingido.