Ladies & Gentlemen:
Tinha atribuído a Rogério Ceni, o M1T0, o prêmio Palerma do Ano (Moron of the Year), pelas coisas que fez em 2013.
São-paulinos mais fervorosos não aplaudiram entusiasmadamente minha escolha, mas tenho certeza de que fui justo.
Ou melhor: tinha.
Em nossa clássica pinting day (cervejada) das sextas num pub em Parsons Green, Boss me relatou uma declaração de Pelé na morte de Nilton Santos, para muitos o melhor lateral esquerdo da história do futebol.
A declaração me fez mudar minha escolha. Pelé é o Moron de 1913.
Pelé conseguiu usar um morto para se autopromover. Disse que Nilton Santos foi importante para o futebol não por ter criado, com categoria única, o lateral que não se limita a defender. Mas por tê-lo tornado o “mais jovem campeão do mundo”.
Ladies & Gentlemen: até Chrissie, minha azeda e neurastênica mulher que discorda de mim até na minha escolha de pijama para dormir, concorda que não se homenageia um defunto enfiando uma autolouvação como Pelé fez.
O que Pelé queria era deixar claro que ele foi o campeão do mundo mais jovem do futebol.
Teria sido mais digno ele contratar uma empresa de relações públicas para relembrar ao mundo esta façanha, obtida em 1958 na Suécia.
Pelé deveria, isto sim, explicar como pôde não ter incluído Nilton Santos na lista inicial que fez, para a Fifa, dos 100 maiores jogadores da história.
Depois, diante da justa gritaria dos conhecedores de futebol, Pelé incluiu enfim NS.
Mas na primeira lista NS estava ausente. E nela estavam conhecidos pernas de pau (woody legs) como Beckham, Francescoli, Figo, Baresi ,Valderrama, Crespo e Cafu.
Com a habitual categoria, NS não atacou Pelé quando soube que fora esquecido.
Boss me diz que um leitor escreveu um depoimento lindo sobre NS. Disse depois que era flamenguista – insuspeito, portanto, de qualquer favorecimento memorial, dado que NS foi 100%, mais, foi 110% botafoguense.
Sou Manchester City, e jamais faria o mesmo em relação a nenhum jogador do abominável United.
Mais do que as palavras de Pelé, o reconhecimento do torcedor anônimo do Flamengo conta quem foi o grande Nilton Santos.
RIP.
Sincerely
Scott
Tradução: Erika Kazumi Nakamura