O ex-governador de São Paulo, João Doria, afastado da política formal desde 2022, adotou uma postura conciliadora para reconstruir pontes com figuras importantes do governo federal, especialmente com antigos rivais do PT, após anos de oposição, segundo informações de O Globo.
A iniciativa mais simbólica dessa mudança foi uma carta enviada ao presidente Lula (PT), por intermédio do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSDB), em que Doria reconhece ter cometido “exageros e equívocos” tanto com Alckmin – que o lançou na política – quanto com Lula. “Queria ter a chance de dizer que errei”, escreveu o empresário. O presidente, que leu a carta prontamente, teria reconhecido o gesto, mas, segundo pessoas próximas ao petista, se manteve cético sobre uma amizade próxima.
Doria reforçou seu posicionamento conciliador como parte de sua estratégia de expandir o Lide, grupo de negócios que preside, promovendo uma série de eventos anuais e novas unidades internacionais. Desde sua saída da corrida presidencial em 2022, quando foi preterido pelo PSDB, ele se dedicou a reestruturar o Lide, com foco na construção de uma rede sólida de contatos no setor público e privado.
Ele aumentou o número de eventos anuais do grupo para 200 e busca atrair figuras políticas de peso, de diferentes correntes ideológicas, para seus encontros. A presença do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, em um dos eventos do Lide foi vista como um avanço importante para neutralizar a resistência que ainda enfrenta junto a alguns membros do governo.
No entanto, a desconfiança com Doria permanece entre figuras próximas a Lula, que hesitam em apoiar publicamente os eventos do Lide. Ainda assim, a postura do ex-governador tem conquistado alguns nomes do alto escalão do governo, que têm aceitado convites discretos para participar de encontros ou reuniões.
O empresário também buscou aproximação com governadores petistas, como Fátima Bezerra e Rafael Fonteles, e outras lideranças, sinalizando que o Lide poderia ser uma plataforma importante para dialogar com o empresariado e gerar investimentos locais.
Apesar de afirmar que está “definitivamente fora da política”, Doria mantém um vínculo estreito com figuras influentes e demonstra interesse em apoiar projetos de governança e desenvolvimento que envolvam tanto empresários quanto políticos. Ele afirma que sua missão agora é ser “João conciliador” – brincando com o bordão “João trabalhador”, que marcou sua entrada na política como prefeito de São Paulo, em 2016 – para enfatizar que seu foco está em promover um ambiente de colaboração entre setores que tradicionalmente têm se enfrentado.
Segundo ele, essa postura é uma forma de seguir em frente sem ressentimentos, embora alguns próximos a Lula acreditem que conquistar a confiança plena do núcleo petista exigirá uma grande dose de paciência e diplomacia por parte de Doria.
Relembre algumas das razões pelas quais o ex-governador de São Paulo diz se arrepender:
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