O Conselho Nacional da Justiça reuniu informações que sugerem que o advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho, mantinha uma parceria ilegal com o juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas.
Segundo interlocutores, um dos principais acervos que poderiam provar a suposta parceria do advogado com o juiz está reunido em dois celulares e um laptop de Nythalmar apreendidos pela Polícia Federal em 23 de outubro de 2020.
Alvo de uma investigação, na época, por corrupção e suspeitas de exploração de prestígio junto a Bretas, Nythalmar sempre demonstrou apreensão em relação aos dados que armazenava. Em um recurso sigiloso encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça, o advogado afirmava temer pela “enorme quantidade de dados sensíveis em seus instrumentos de trabalho, cujo vazamento poderia desencadear consequências inimagináveis”.
Na briga que trava contra a Lava-Jato, Nythalmar deu pistas de que o conteúdo dos dois telefones e do notebook tem ‘potencial explosivo’. Em um recurso sigiloso que a VEJA teve acesso, ele lista dados que estão armazenados nos aparelhos confiscados, como prints de mensagens da ex-primeira-dama do Rio, Adriana Ancelmo, e o ex-deputado mensaleiro Pedro Corrêa, uma anotação com os dizeres “tentando cooptar” e rascunhos da delação premiada do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.
O episódio envolvendo os celulares e o laptop é emblemático porque é uma das peças de maior destaque do relatório parcial da correição que o CNJ promove contra Marcelo Bretas. O documento traz elementos que sugerem que o magistrado tinha aliados dentro do setor de perícias da Polícia Federal do Rio, que atuariam para atrasar deliberadamente a análise de materiais colhidos em investigações que pudessem, de algum modo, respingar nele.