O filme mais comentado do ano tem sido apontado pela crítica como um manifesto feminista, incomodando muita gente. Viralizou o vídeo de dois senhores chamados Thiago e Miotti, do canal Jurassicast, segundo os quais “Barbie” é “vergonhoso”, “lacrador” e “imbecil”.
Para embasarem sua opinião, trazem depoimentos de mulheres que dizem claramente terem adorado a produção – um tiro no pé ou apenas falta de interpretação? Nunca saberemos.
Por um momento, me senti em um episódio de “Choque de Cultura”, uma paródia de um programa cultural com comentaristas burros. É tão absurdo que não parece real.
A principal queixa é de que o filme é “perigoso para nossas crianças” por ser “lacrador”. “Vendeu-se um filme infantil e se entregou um filme feminista”, diz um deles.
Primeiro, a classificação indicativa é de 12 anos. Segundo, nossas crianças – meninas e meninos – devem, sim, ser participados do problema estrutural do capitalismo patriarcal no mundo, de modo a se tornarem um futuro em que o enfrentamento às desigualdades de gênero sejam de fato uma realidade.
#Barbie é um dos filmes mais irresponsáveis que eu já vi na vida.
A Warner topar esse roteiro nos tempos atuais é muito sem noção.
Não tem nota de repúdio à violência que alivie o que foi feito.
Vai m0rrer homem por causa desse filme, escuta o que eu tô falando. pic.twitter.com/xXmUkybDpI
— DCnauta (@UniversoDCnauta) July 20, 2023
A reação da dupla mostra bem o que o bolsonarismo fez com parte dos homens brasileiros: marmanjos de meia idade, que, a julgar pelas estampas de suas camisas (uma do Baby Yoda e outra do palhaço dos Simpsons), não saíram da adolescência, se borrando de medo de uma boneca. É quase como ter medo do kit gay ou do fantasma do comunismo.
O incômodo central deles é que os homens são “imbecilizados” porque claramente não estão acostumados com filmes em que o protagonismo feminino é patente (mas algo me diz que terão que se acostumar).
Depois de toda a história do cinema baseada na imbecilização, subjugação, hiperssexualização e invisibilização das mulheres, um filme que retrate os homens como sempre fomos retratadas é mais do que bem-vindo, é necessário.