A maior parte dos habitantes do norte da Faixa de Gaza tem enfrentado a difícil tarefa de sobreviver com uma média de apenas 245 calorias por dia, o que representa menos de 12% das necessidades diárias recomendadas, estipuladas em 2.100 calorias.
Esses dados foram revelados em um relatório global da ONG Oxfam, divulgado pelo site da organização na última quarta (3), com base nos últimos dados disponíveis da Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC) para a Faixa de Gaza.
Para ilustrar a gravidade da situação, o estudo comparou as 245 calorias a “menos do que uma lata de feijão”. Uma mãe, cuja identidade não foi revelada pela ONG, compartilhou: “Antes da guerra, éramos saudáveis. Agora, perdemos muito peso porque não temos comida adequada. Estamos tentando comer tudo o que conseguimos encontrar.”
O governo israelense, segundo o estudo, tem pleno conhecimento das necessidades calóricas diárias para prevenir a desnutrição.
Amitabh Behar, diretor-executivo da Oxfam Internacional, acusou Israel de tomar “escolhas deliberadas para privar os civis de alimentos”, destacando o sofrimento de famílias que lutam para sobreviver com tão poucas calorias diárias.
Israel, no entanto, nega que esteja dificultando a distribuição de ajuda alimentar em Gaza, atribuindo o problema à alegada incapacidade logística dos grupos de ajuda internacional.
O relatório do IPC destaca que quase toda a população de Gaza enfrenta uma situação de fome extrema, com cerca de 1,1 milhão de pessoas enfrentando uma insegurança alimentar crítica.
O desespero da população é evidente diariamente, e recentemente, no sábado (30), cinco palestinos perderam a vida durante uma distribuição de alimentos no norte da Faixa de Gaza, conforme relatado pelo Crescente Vermelho.
Três dessas mortes foram causadas por disparos, enquanto outras 30 pessoas ficaram feridas durante um tumulto durante a distribuição de comida. O Exército de Israel afirmou não ter informações sobre o incidente.