Petrobras anuncia investimentos de US$ 102 bilhões até 2028

Companhia pretende contratar 200 embarcações de apoio nos próximos quatro anos, 38 delas construídas no Brasil. Petroleiros também defendem participação brasileira em duas novas plataformas

Atualizado em 30 de março de 2024 às 19:06
Novas embarcações da Petrobras devem criar 280 mil empregos diretos e indiretos por ano. Foto: Agência Petrobras

A Petrobras anunciou na quinta-feira (28) que vai iniciar a contratação de embarcações de apoio para a logística de exploração e produção de petróleo e gás, com objetivo de atender a demanda de curto prazo para os anos de 2025 e 2026. A estatal também aprovou a contratação de novos barcos de apoio para as demandas de longo prazo. Estas últimas terão foco em novas soluções tecnológicas de eficiência e redução de emissões de gases do efeito estufa.

Desse modo, a companhia pretende contratar 200 embarcações de apoio no período 2024-2028. Serão tanto para a substituição de contratos vigentes como para o incremento da frota. Desse total, a Petrobras estima a construção de até 38 novas embarcações para atendimento de novas demandas.

Os processos de contratação serão divulgados nos próximos dias. Na primeira licitação que visa à construção de novos barcos, a previsão é contratar 12 embarcações de apoio do tipo PSV (Plataform Supply Vessel, Embarcação de Suprimento às Plataformas).

Ao mesmo tempo, o Plano Estratégico da companhia prevê a contratação de navios de cabotagem, plataformas FPSOs (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência, da sigla em inglês) e embarcações para execução de atividades submarinas e de poços. Além disso, o plano também inclui atividade de descomissionamento de plataformas.

“Estamos em contato permanente com o mercado fornecedor e estudando as melhores estratégias de contratação que permitam suprir a demanda da Petrobras, mantendo a competitividade dos processos”, afirmou o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, em nota.

Nesse sentido, a estatal deve investir US$ 102 bilhões na renovação e ampliação da frota marítima. Assim, a aquisição das novas embarcações deve criar 280 mil empregos diretos e indiretos por ano.

Fachada da sede da Petrobras no Rio de Janeiro. Foto: reprodução

Mais oportunidades

Até 2028, a companhia pretende construir 14 novos navios-plataformas, ampliando oportunidades para a indústria offshore brasileira. São projetos que estão em diferentes etapas de construção. Atualmente, a companhia conduz seis processos de contratação de navios-plataforma flutantes. Quatro são por afretamento (aluguel). E duas serão unidades próprias da Petrobras, com demandas para construção de módulos no Brasil, atividade alinhada com a vocação da indústria offshore nacional.

Ao mesmo tempo, os planos incluem ampliar de 25 para 30 os navios-sonda da companhia até 2028. A contratação dessas novas embarcações já estão em fase avançada. A Petrobras também avalia oportunidades de longo prazo para o seguimento. Já na atividade de cabotagem, a frota atual da Petrobras é de 26 navios. A intenção é construir mais 16 nos próximo quatro anos.

Ao mesmo tempo, o descomissionamento de plataformas, incluindo a reciclagem sustentável de seus materiais, também vai ampliar a demanda para a indústria nacional. Até 2028, a Petrobras prevê descomissionar 23 plataformas, sendo 9 fixas e 14 flutuantes.

Conteúdo nacional

Nesse sentido, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) defendeu nesta semana a revisão das regras de licitação das plataformas P-84 e P85, a fim de que as unidades possam ser parcialmente construídas no Brasil. Trata-se de duas plataformas flutuantes (FPSOs) próprias da Petrobras que terão como destino o pré-sal da Bacia de Santos.

Os petroleiros demandam, desse modo, que a Petrobras licite as duas plataformas por módulos (divididos em contratos de cinco módulos separados, além do casco da embarcação). O objetivo é viabilizar a participação de estaleiros nacionais. Como está hoje, licitando as unidades por inteiro, é praticamente inviável a construção no Brasil. Na prática, somente grandes estaleiros estrangeiros teriam condições de arcar com o negócio, em função do alto valor da encomenda. A previsão é que cada uma delas deve custar cerca de US$ 4 bilhões.

A reivindicação é uma das propostas do Manifesto em Defesa da Indústria Naval e dos Empregos lançado nesta semana, em Niterói. Além da FUP participaram do lançamento o Fórum em Defesa da Indústria Naval e Offshore do Rio de Janeiro, a Frente Parlamentar Nacional em Defesa da Indústria Naval e a Frente Parlamentar Estadual de Acompanhamento do Pólo Gaslub.

O documento defende conteúdo nacional mínimo entre 30% e 60%, nas plataformas fixas e móveis, buscando potencializar as possibilidades de aproveitamento da indústria local. “Os contratos de afretamento de navios e plataformas no exterior pela Petrobrás implicam elevadas despesas com pagamento de juros e não geram encomendas no país. A Petrobras está com várias unidades de afretamento lá fora, inclusive de barcos de apoio, que podem ser construídas no Brasil, gerando emprego e renda no país”, afirmou o coordenador-federal da FUP, Deyvid Bacelar.

Publicado originalmente na Rede Brasil Atual

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