Publicado originalmente no Monitor Mercadantil
A Petrobras estaria vendendo peças em uso nas suas unidades como se fossem sucata. Pior: de 9.800 itens que a estatal se desfez desde junho, 980 possuem pedidos de compra emitidos e 1.162 estão em análise para serem adquiridos novamente.
A denúncia foi feita pelo Sindipetro Unificado SP, que teve acesso exclusivo a dados internos da Petrobras por meio de uma fonte que preferiu não ser identificada.
A entidade sindical dá como exemplo um caminhão que, em setembro, saiu carregado da Usina Termelétrica (UTE) Luiz Carlos Prestes, em Três Lagoas (MS). Por R$ 9 mil, quem estava na sua boleia comprou como sucata uma série de materiais que até então faziam parte do estoque da unidade, pertencente à Petrobras. Entre os itens, uma válvula de controle pneumática nova, embalada na caixa, que custa entre R$ 12 mil e R$ 15 mil.
A fonte informou ao Sindipetro que o mau planejamento, a lentidão, a gestão de estoques centralizada e as mudanças abruptas de projetos são alguns dos fatores que elevam os estoques da companhia.
Mudanças nas políticas de investimento da estatal levaram a prejuízos bem maiores. Em 2010, a Petrobras encomendou oito cascos de plataformas ao estaleiro Rio Grande, da Ecovix, por R$ 10 bilhões.
Em 2016, após o impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, a estatal decidiu transferir para a Ásia a construção de nove plataformas, que já estavam em construção, destinadas ao Campo de Lula, no pré-sal.
O Estaleiro Rio Grande foi obrigado a demitir quase a totalidade de seus 24 mil trabalhadores, e foram vendidas como sucata cerca de 80 mil toneladas de estruturas de aço que seriam utilizadas na construção das plataformas P-71 e P-72.