A Polícia Federal apreendeu nesta quarta-feira (21) um total de R$ 67,7 mil em dinheiro vivo na residência e no gabinete do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), durante a Operação Fames-19. A ação faz parte de uma investigação que apura supostos desvios de recursos na compra de cestas básicas entre 2020 e 2021.
Na residência do parlamentar, segundo o g1, foram encontrados R$ 35,5 mil, 80 euros e US$ 1,1 mil. Já no gabinete, os agentes apreenderam R$ 32,2 mil, além de uma grande quantidade de boletos pagos em lotéricas, tanto em nome do político quanto de terceiros.
A operação foi autorizada pelo ministro Mauro Campbell, do Superior Tribunal de Justiça, que permitiu a apreensão de valores em espécie superiores a R$ 10 mil sem comprovação de origem lícita. A decisão destacou que as buscas seriam realizadas em locais associados ao governador e seus familiares.
Em resposta, a assessoria de Wanderlei Barbosa informou à TV Anhanguera que não comentaria o dinheiro apreendido. Em nota, o governador negou envolvimento no suposto esquema, alegando que, à época, era vice-governador e não tinha autorização para realizar pagamentos. Ele afirmou ainda que foi mencionado na investigação por ter recebido dinheiro de um “consórcio entre amigos”, envolvendo um dos suspeitos.
A PF sustenta que Barbosa integra o núcleo político do esquema de desvio de recursos públicos, que teria ocorrido durante a pandemia de Covid-19. De acordo com os investigadores, há indícios de que, como governador, ele facilitou o desvio de grandes somas de dinheiro por meio de contratos para fornecimento de cestas básicas, que teriam sido utilizados apenas formalmente.
O relatório da PF aponta que a distribuição de cestas básicas foi escolhida pelo governo estadual devido à facilidade que essa medida oferecia para o desvio de recursos públicos. A ausência de mecanismos eficazes para controlar e verificar a entrega dos produtos, que eram destinados ao consumo imediato da população, tornou essa iniciativa o meio ideal para a execução do esquema.
A investigação revelou ainda que o governador recebeu R$ 5 mil diretamente em sua conta bancária, transferidos por um empresário proprietário de duas empresas contratadas pelo governo durante a vigência dos contratos. Os filhos do governador também foram beneficiados com transferências financeiras do mesmo empresário, justificadas como parte de um “Consórcio entre Amigos”.
A PF acredita que essas transações configuram vantagens indevidas, evidenciando a possível inexistência de uma causa legítima para os pagamentos, os quais foram documentados por descuido pelos próprios envolvidos.
A Operação Fames-19 teve como alvos, além do governador, a primeira-dama Karynne Sotero, secretária extraordinária de Participações Sociais do governo do Tocantins, e os filhos do governador. Também foram alvo das buscas o deputado estadual Léo Barbosa (Republicanos) e Rérison Castro, superintendente do Sebrae Tocantins.
As investigações da PF indicam que o esquema foi arquitetado entre 2020 e 2021, durante a pandemia, aproveitando-se do estado de emergência em saúde pública e assistência social para contratar empresas previamente selecionadas para o fornecimento de cestas básicas.