A Polícia Federal (PF) investiga se um relatório encomendado pelo ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, foi utilizado com objetivo de dificultar o deslocamento de eleitores nordestinos durante o segundo turno das eleições de 2022. Trata-se do segundo documento feito a mando de Torres no ministério na mira da investigação. Com informações do O GLOBO.
A região concentrava os maiores índices de intenção de votos para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Torres, então ministro da Justiça, comandava tanto a PF quanto a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Em 30 de outubro do ano passado, data do segundo turno, foram registradas inúmeras operações do órgão no Nordeste. Eleitores chegaram a relatar nas redes sociais a dificuldade para se deslocar aos locais de votação.
Os detalhes desse segundo documento investigado constam do depoimento prestado à PF pela delegada Marília de Alencar no último dia 13.
Além do mapeamento sobre os locais onde o petista foi mais bem votado, a ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça afirmou que a área técnica da pasta foi demandada por Torres para levantar a quantidade de agentes de cada corporação que poderia ser usada no dia da votação.
Segundo o depoimento de Alencar, a justificativa apresentada pelo ex-ministro para a elaboração de todos os levantamentos era a necessidade de a PRF e a PF coibir crimes eleitorais, como compra de votos. Os documentos internos eram chamados de “BI” (business intelligence), espécie de planilha que permite que vários servidores insiram dados simultaneamente.
Além da planilha sobre a PRF, Torres pediu também um documento com a organização da Polícia Federal.
A delegada contou que, às vésperas do segundo turno, por determinação de Torres, encaminhou esse documento ao chefe da PF na Bahia, Leandro Almada, com quem o então ministro havia se reunido.
A PF ouviria depoimento de Torres sobre o caso nesta segunda-feira (24). No entanto, a pedido de seus advogados, a oitiva foi adiada.