O inquérito da Polícia Federal (PF) que mira a atuação do ex-ministro da Justiça Anderson Torres na operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) que bloqueou vias do Nordeste no segundo turno das eleições dificultando o fluxo de eleitores apura se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve participação na medida.
O foco da PF é investigar se Torres agiu por iniciativa própria ou por determinação do ex-capitão. De acordo com informações da colunista Bela Megale, do jornal O Globo, investigadores apontam que está “evidente” a participação do ex-ministro na ação.
A participação de Torres fica ainda mais clara após sua viagem à Bahia para pedir apoio da própria PF à PRF para interferir na locomoção de eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A área de inteligência do Ministério da Justiça, sob o comando do bolsonarista, fez um levantamento que detalhou os locais onde Lula foi mais votado.
Diante disso, a avaliação dos policiais é que, para o inquérito avançar sobre a possível participação do ex-chefe do Executivo, é preciso de algum grau de colaboração do ex-ministro da Justiça, o que ainda não aconteceu. Torres está preso desde janeiro.
Vale destacar que a inelegibilidade de Bolsonaro pode ser declarada na ação que investiga essa frente. A PF apura se de fato ocorreu um esforço direcionado para impedir que eleitores do presidente petista chegassem às suas zonas eleitorais na segunda etapa do pleito.
Torres teria feito um levantamento entre o primeiro e o segundo turno para identificar as regiões onde Lula foi mais votado e, a partir disso, organizado a operação para tentar impedir os eleitores. O ministro queria que a Polícia Federal colocasse pelo menos 90% do efetivo nas ruas e estradas no domingo.