A Polícia Federal (PF) deve ampliar suas investigações para incluir outros casos de homicídios suspeitos de envolvimento com o crime organizado no Rio de Janeiro, os quais permaneceram sem resolução por parte das autoridades estaduais.
Esses homicídios foram mencionados no processo relacionado às mortes da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, com destaque para as declarações feitas pelo ex-policial militar Ronnie Lessa em sua delação premiada, conforme informações do Globo.
Integrantes da cúpula da PF e do Ministério da Justiça identificam nos depoimentos de Lessa e de outros indivíduos investigados e testemunhas pistas que poderiam levar à resolução de outros casos ligados a milícias, tráfico de drogas, jogo do bicho e disputas territoriais, incluindo homicídios cometidos pelo Escritório do Crime, um grupo no qual Lessa era um dos assassinos contratados.
Os investigadores acreditam que as evidências coletadas durante as buscas e apreensões realizadas no último domingo (24), como telefones celulares e documentos, fornecerão novos elementos para fortalecer as informações apresentadas no inquérito.
O relatório final da PF sobre o Caso Marielle revela um quadro de negligência e atos de sabotagem dentro da Polícia Civil, responsável por esclarecer os crimes que permaneceram sem solução. Segundo as investigações, a estrutura encarregada das apurações operou, na realidade, em favor de organizações criminosas.
“A Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio, devidamente capitaneada por Rivaldo Barbosa, se tornou um ambiente pernicioso para que organizações criminosas das mais diferentes espécies encontrassem ali um refúgio para a impunidade dos seus crimes”, diz o relatório da PF.
Rivaldo Barbosa foi preso preventivamente sob a suspeita de desviar o foco das investigações para proteger o deputado federal Chiquinho Brazão e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio, Domingos Brazão – ambos também detidos, acusados de serem os mandantes.
De acordo com o Globo, Lessa forneceu informações à PF sobre outros 11 crimes, além do assassinato de Marielle Franco. Um desses casos inclui o não resolvido assassinato de Marcos Falcon, candidato a vereador e presidente da Portela, em 2016.
Durante seu depoimento à corporação, o delegado Brenno Carnevale, atual secretário municipal de Ordem Pública do Rio, mencionou o desaparecimento de evidências do inquérito de Falcon e a interferência de Rivaldo na investigação. Em seu testemunho, a filha de Falcon afirmou que seu pai era alertado por policiais da delegacia quando seu nome surgia em investigações.
Carnevale também relatou no inquérito que a investigação sobre a morte do contraventor Haylton Escafura, em 2017, foi retirada de suas mãos sem explicação, citando uma decisão judicial que indicava falta de progresso na apuração.
Lessa afirmou ter sido contratado por Bernardo Bello para assassinar Regina Celi, ex-presidente do Salgueiro, embora o crime não tenha sido consumado. O relatório da PF também menciona a morte de José Luis de Barros Lopes, conhecido como Zé Personal, em 2011, como exemplo de investigação prejudicada.
Em um caso relacionado à contravenção, depoimentos sugerem que policiais receberam subornos para não investigar a morte de Geraldo Pereira, funcionário do bicheiro Rogério Andrade.
Durante as investigações sobre o assassinato de Marielle, também foi morto o ex-policial militar Edmilson da Silva de Oliveira, conhecido como Macalé, em 2021, apontado como um elo entre os mandantes e os executores do crime.
Embora considerem o caso Marielle encerrado, as autoridades buscam a cooperação dos irmãos Brazão e Rivaldo. Planejam transferi-los para diferentes presídios federais, sem contato entre si, para pressioná-los a colaborar com a Justiça e obter benefícios penais.
Espera-se que os casos permaneçam sob investigação da PF do Rio, liderada pelo delegado Leandro Almada, responsável pelo relatório do caso Marielle e pela investigação da organização criminosa envolvida no impedimento da resolução do assassinato da vereadora.
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