O Ministério da Justiça vai pedir que a Polícia Federal investigue as ameaças feitas aos brasileiros resgatados na Faixa de Gaza e repatriados no país no início desta semana. A Secretaria Nacional de Justiça, comandada por Augusto de Arruda Botelho, tem apurado as denúncias feitas pelo grupo.
“As denúncias estão sendo apuradas e serão encaminhadas para a investigação da Polícia Federal”, afirma a secretaria. A pasta tem coordenado a operação de acolhimento ao grupo e coletado informações sobre as ameaças.
Hassan Rabee, brasileiro-palestino que foi resgatado em Gaza, relata que já recebeu mais de 200 mensagens diferentes com ataques e ameaças. Ele, que ficou conhecido após fazer vídeos enquanto ainda estava na região, tem sofrido ataques de teor xenófobo, com calúnias e injúria racial.
Alguns dos autores desses ataques já foram identificados, segundo Talitha Camargo da Fonseca, advogada que o representa. Ela já formalizou um pedido para inclusão de Hassan no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH).
Entre as mensagens recebidas por Hassan, há xingamentos, como “terrorista filho da put*”, e ameaças, como “te dou um pau se eu te encontrar na rua”. Um dos ataques trazia uma publicação feita pela deputada Carla Zambelli (PL-SP), que acusou o homem de compartilhar mensagens “pró-terrorismo”. A parlamentar e todos os que forem identificados devem ser processados pela defesa do brasileiro-palestino.
“Nós vamos processar. É inadmissível que exista impunidade. Cada vez que há impunidade, essas pessoas se sentem mais empoderadas. Hoje é a família do Hassan, mas deve sair uma segunda lista. E essas pessoas que estão vindo, também vão passar por isso?”, afirma a advogada.
No total, 32 brasileiros e palestinos inscritos para repatriação pelo Itamaraty conseguiram deixar a Faixa de Gaza no último domingo (12). O Ministério dos Direitos Humanos anunciou que vai acolher pedidos de proteção feitos pelo grupo.
“Qualquer cidadão ou cidadã que tiver seus direitos violados pode acionar a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, por meio dos seus diversos canais de atendimento, como o Disque 100”, afirmou a pasta, que é responsável pelo PPDDH e pelos programas de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (Provita) e de Proteção a Crianças e Adolescentes Ameaçados de Morte (PPCAAM).