A Polícia Federal está trabalhando com a hipótese que duas empresas pertencentes ao casal Pedro Magno e Juliana Salomão, envolvidos no suposto desvio de dinheiro de contratos de compra de kits de robótica, possam ter financiado a aquisição de um apartamento para Luciano Cavalcante, auxiliar do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Luciano foi alvo da operação Hefesto em 1º de junho e acabou sendo demitido da Liderança do PP na Câmara no dia seguinte. A investigação teve início após uma reportagem da Folha em abril de 2022 revelar indícios de irregularidades nos contratos para kits de robótica, que eram financiados pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
Segundo informações obtidas pela PF, as empresas PJX Administração e Exclusiva Tecnologia transferiram pelo menos R$ 150 mil para a empresa Promenade Ponta Verde II Empreendimentos. Essas transferências ocorreram entre 1º de junho de 2022 e 23 de maio de 2023.
As duas empresas estão registradas em nome de Pedro Magno, que foi flagrado junto com sua esposa, Juliana Salomão, realizando saques e entregas de dinheiro supostamente desviado de contratos públicos.
Os investigadores buscaram informações sobre a Promenade e descobriram que ela estava envolvida na construção de um edifício em Alagoas, com apartamentos de dois quartos, com tamanho de 52 m² e preços a partir de R$ 318.234.
“Acredita-se que as transferências mencionadas, destinadas à empresa fictícia do casal em Brasília, foram feitas com o objetivo de adquirir ou pagar parcelas de unidades no Edifício Promenade II Ponta Verde, em benefício de Luciano Cavalcante”, afirmou a PF ao solicitar mandados de busca contra as empresas.
De acordo com a Folha de S.Paulo, outro imóvel utilizado por Luciano já estava sob investigação. Ao rastrear o dinheiro proveniente da empresa Megalic e seu sócio, Edmundo Catunda, responsáveis pela venda dos kits de robótica para cidades de Alagoas, a PF identificou uma transferência de R$ 550 mil para a construtora EMG, de Alagoas.
De acordo com a PF, o casal realizou entregas pessoais de valores em várias cidades, incluindo Brasília, Luziânia (GO), Goiânia, Florianópolis e Maceió.
O advogado de defesa de Luciano Cavalcante, André Callegari, afirmou em comunicado que não teve acesso completo aos detalhes do inquérito e às diligências já realizadas, o que impossibilita qualquer manifestação nesse momento, uma vez que a motivação da operação ainda não é conhecida. Ele enfatizou que seria precipitado fazer qualquer declaração defensiva neste momento.
A Folha não conseguiu contatar a defesa do casal para obter seus comentários.
Em uma nota assinada pelo advogado Eugênio Aragão, a defesa da Megalic alegou que há um “grave equívoco” nas suspeitas e que todos os contratos foram estabelecidos de acordo com parâmetros técnicos do Ministério da Educação e do FNDE, seguindo processos licitatórios e promovendo ampla competição.
A nota também mencionou que o Tribunal de Contas da União (TCU) não encontrou evidências de direcionamento ou preços incompatíveis, além de destacar que a reportagem da Folha que iniciou a investigação fez uma comparação inadequada entre os produtos da Megalic e kits de qualidade inferior.
Arthur Lira tem negado qualquer envolvimento em supostos desvios de recursos públicos.