Nesta segunda-feira (3), a Polícia Federal optou por indiciar o empresário Roberto Mantovani, a mulher dele, Renata Munarão, e o genro do casal, Alex Zanatta pelos ataques contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e seus familiares em um aeroporto na Itália em julho de 2023.
O trio será acusado pelo crime de calúnia por acusar o ministro de ter fraudado as eleições presidenciais em 2022. Contra os bolsonaristas existe ainda o agravante de que a vítima da mentira é um funcionário público e que, de acordo com o apontamento deles, teria usado seu cargo estratégico para a suposta manipulação.
O delegado da PF Thiago Severo de Rezende assinou o relatório que muda a conclusão da corporação sobre o indiciamento deles. Assim, eles passam a ser indiciados formalmente e enquadrados pela prática de crimes previstos em lei, sendo que a pena máxima pode chegar a dois anos e oito meses, devido ao agravante.
Além disso, a PF atribuiu aos acusados delitos de difamação e injúria, mas não os indiciou nesses artigos devido ao impedimento legal para crimes de menor potencial ofensivo.
Antes, em fevereiro de 2024, o delegado Hiroshi de Araújo Sakaki, responsável pela investigação, havia concluído que houve “injúria real” contra o filho de Moraes, mas não indiciou a família devido a uma instrução normativa que impede indiciamentos por crimes de menor potencial ofensivo, com penas inferiores a dois anos de prisão.
O novo relatório de seis páginas apresentado ao STF detalha que, apesar da falta de áudio nas imagens das câmeras de segurança do aeroporto, os depoimentos de Alexandre de Moraes e sua família são considerados como verídicos. Segundo esses depoimentos, Roberto Mantovani, Andreia Munarão e Alex Zanatta ofenderam o ministro e Roberto agrediu Alexandre Barci de Moraes, filho do ministro.
A versão dos acusados sobre o incidente em Roma foi considerada incoerente pelo delegado. Eles alegaram que a agressão de Roberto ao filho de Moraes foi uma reação a uma suposta ofensa de Alexandre Barci contra Andreia.
“Não se entende razoável que a uma versão inverossímil e, em alguns pontos comprovadamente mentirosa, possa servir de razão para o afastamento de outra que, por tudo acima exposto, se apresenta como totalmente coerente e apoiada nos demais meios de prova”, escreveu o delegado.
Rezende também destacou que as ofensas a Moraes ocorreram no contexto de ataques a autoridades por extremistas. A análise de um celular de Roberto Mantovani revelou mensagens com ofensas e notícias falsas sobre o ministro do STF, compatíveis com as palavras atribuídas ao empresário e sua família no aeroporto. “Os compartilhamentos são condizentes com as palavras atribuídas a ele e sua família no aeroporto”, afirmou o delegado.