A Polícia Federal descobriu diálogos entre o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Fábio Wajngarten, um dos advogados do ex-capitão, admitindo que as joias eram de “interesse público, mesmo que sejam privadas”.
Segundo a jornalista Juliana Dal Piva, do UOL, Cid também enviou imagens da Lei 8.394, sublinhando o trecho em que a norma descreve que, em caso de venda, a União teria preferência.
A ação recente da defesa de Bolsonaro, que planejava pedir a devolução das joias ao Tribunal de Contas da União (TCU) sob alegação de que os itens pertencem ao ex-presidente, teve o argumento ainda mais dificultado.
As mensagens revelam que Cid demonstrou nervosismo ao tomar conhecimento da revelação da entrada ilegal do colar de diamantes e da existência de um segundo kit de joias, conhecido como Rose Gold, pela imprensa.
Em uma troca de mensagens e áudios com o ex-secretário de Comunicação do governo anterior, o tenente-coronel discutia o tratamento dado aos presentes recebidos, afirmando que o segundo relógio é tratado da mesma forma que o primeiro. No entanto, não esclarece a que se refere com o “primeiro relógio” ou se está se referindo ao primeiro kit de joias mencionado nas reportagens.
Em 3 de março, Cid enviou uma reportagem do Estadão sobre o kit de joias, avaliado em R$ 5 milhões, que o ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, tentou fazer entrar no Brasil de forma irregular após uma viagem à Arábia Saudita.
Após receber a reportagem do militar, Wajngarten escreveu: “Eu nunca vi tanta gente ignorante na minha vida”. Em seguida, o tenente-coronel respondeu o advogado de Bolsonaro: “Difícil mesmo. O pior é que está tudo documentado”.
Wajngarten, no entanto, perguntou: “Documentado como? explique-me por favor”. Cid, então, enviou uma série de mensagens. O bolsonarista, porém, apagou as mensagens e, diante disso, não foi possível saber o que ele disse.