PF: mensagem apagada de Bolsonaro a Cid prova que ele mandou vender joias

Atualizado em 8 de julho de 2024 às 16:12
Bolsonaro e Mauro Cid. Foto: reprodução

A Polícia Federal encontrou evidências de que Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, autorizou as vendas de joias presidenciais nos Estados Unidos a mando de Jair Bolsonaro (PL). No relatório emitido pela PF, a investigação aponta que pouco antes da transação ilegal, o ex-presidente mandou ao tenente-coronel uma mensagem que foi deletada na sequência. Na resposta, Cid escreveu “sim senhor”.

O documento foi retirado do sigilo nesta segunda-feira (8) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O diálogo respalda a delação premiada do militar e contraria a versão de Bolsonaro, que alega que Cid teria autonomia para agir além do seu comando.

“Nesse sentido, a investigação logrou êxito em identificar trocas de mensagens, por meio do aplicativo WhatsApp, entre Jair Bolsonaro e Mauro Cesar Cid, evidenciando que o então presidente da República emitiu uma ordem para o seu então chefe da Ajudância de Ordens relacionada ao envio das esculturas douradas para os Estados Unidos”, diz um trecho do relatório.

De acordo com a investigação, outro trecho da conversa registra o momento em que Cid questiona ao ex-mandatário quais peças ele deveria levar aos EUA: “O senhor vai trazer a árvore e o barco?”, perguntou. As respostas de Bolsonaro foram apagadas por ele.

Os objetos citados na troca de mensagens são referências diretas, segundo a PF, aos presentes já mencionados na investigação. Anteriormente, agentes se referiam à primeira joia como “palmeira dourada”.

Objetos dourados vendidos nos EUA. Foto: Reprodução

Segundo o relatório, Bolsonaro também teria bancado suas despesas em viagem aos Estados Unidos com o dinheiro obtido com a venda ilegal das joias. Ao todo, ele teria desviado cerca de R$ 25 milhões com o desvio dos objetos.

“Os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores”, diz o documento.

Bolsonaro viajou para os EUA no fim de dezembro de 2022 e ficou no país por cerca de três meses. A corporação aponta que os gastos nesse período podem ter sido custeados com o valor obtido nas negociações ilegais e ainda cita “atos de lavagem de dinheiro”.

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