PF suspeita que Zé Trovão e Sérgio Reis foram avisados que seriam alvos de investigação

Atualizado em 4 de agosto de 2022 às 7:39
Sérgio Reis e Zé Trovão
Foto por: Cleia Viana/Câmara dos Deputados/Reprodução

Após análise de celulares apreendidos no dia 20 de agosto do ano passado, a Polícia Federal suspeita de que bolsonaristas acusados de ter organizado atos antidemocráticos durante as comemorações do 7 de setembro do ano passado souberam com antecedência que seriam alvos de uma operação.

Um dos suspeitos, o sertanejo Sérgio Reis apagou o aplicativo de troca de mensagens Whatsapp antes da ação. Outro suspeito é o ativista Juliano Martins, que supostamente adivinhou o número de alvos que receberiam a visita da PF dias depois, além da identidade de alguns deles.

As informações só vieram a público no momento em que o presidente Jair Bolsonaro convoca apoiadores para novos atos previstos para o Dia da Independência deste ano, diz o Globo.

A PF cumpriu mandados de busca e apreensão contra dez alvos, dentre eles Sérgio Reis e o líder caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, o Zé Trovão. Cinco dias antes da ação, em 15 de agosto, o militante bolsonarista Juliano Martins, organizador dos atos do Dia da Independência, trocou mensagens com um interlocutor e escreveu que já tinha conhecimento de que dez integrantes do grupo, entre eles Sérgio Reis e Zé Trovão, seriam alvo de uma operação policial.

No relatório, a PF afirma: “Estranha-se o conteúdo dessa conversa. As mensagens são do dia 15/8/2021. Os mandados expedidos pelo Supremo Tribunal Federal foram cumpridos apenas no dia 20/8/2021”.

O diálogo foi extraído pela PF do celular de Martins. Na conversa, o interlocutor lhe pergunta a respeito de uma notícia sobre a convocação feita pelo cantor Sérgio Reis aos atos do 7 de setembro. “O que vc tem dito sobre isso?”, pergunta. Martins responde: “Q saiu o mandato dele. E do Zé Trovão”. O interlocutor lhe corrige e pergunta se ele não estava se referindo a um “mandado”, em vez de “mandato”. Martins arremata e diz que se tratava de uma ordem para “prisão”. “Pra ele, Zé Trovão e mais 8”.

A conversa continua, e Martins afirma que estavam tentando descobrir quais seriam os outros alvos e diz que não teve acesso a qualquer documento relacionado à operação. “Não mandaram pra nós, só informaram. (…) O pessoal tá vendo isso em Brasília”.

A informação repassada pelo bolsonarista era parcialmente verdadeira: de fato, a PF cumpriu mandados contra dez investigados, entre eles Zé Trovão e Sergio Reis, como previu Martins. Diferentemente do que ele afirmou, porém, não ocorreram prisões, mas, sim, buscas e apreensões em endereços ligados aos suspeitos.

Participe de nosso grupo no WhatsApp clicando neste link

Entre em nosso canal no Telegram, clique neste link