Plano golpista com Bolsonaro incluía ação de Forças Especiais e pressão sobre comando

Atualizado em 10 de fevereiro de 2024 às 8:30
O ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Evaristo Sá/AFP

A investigação conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal deflagrada nesta quinta-feira (8) revelou que o golpe de Estado pretendido por Jair Bolsonaro, seus auxiliares e militares, para a não concretização das eleições presenciais não era uma ação única e coordenada, mas sim uma série de tentativas sem conexão aparente. Inicialmente, a reunião de 5 de julho de 2022 serviu como um ensaio com diretrizes para uma possível ruptura institucional, porém, os indícios de tentativa de operacionalizar um golpe surgiram apenas em novembro.

De acordo com conversas entre o tenente-coronel Mauro Cid, ex ajudante de ordens de Bolsonaro, e o major Rafael Martins de Oliveira foram feitas articulações para financiar manifestações em Brasília contra o resultado eleitoral, com foco no Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal.

Em novembro de 2022, depois do resultado das eleições com a vitória de Lula, ocorreu uma reunião em Brasília com a presença de militares das Forças Especiais do Exército para tratar de assuntos relacionados à estratégia golpista. Além disso, diálogos entre Cid e o coronel Bernardo Romão Corrêa Neto evidenciaram preparativos para uma ruptura e persuasão de outros militares relevantes a aderir, segundo a Folha.

Jair Bolsonaro e Mauro Cid, também investigado na operação. Foto: reprodução

Um núcleo jurídico apresentou ao presidente uma minuta de decreto detalhando interferências do Poder Judiciário no Executivo, prisão de autoridades como os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes e convocação de novas eleições. Bolsonaro teria concordado com os termos ajustados e pressionado generais e comandantes das Forças Armadas a aderir ao golpe.

Além disso, outros militares de alto escalão foram implicados na trama, como o general Estevam Theophilo, que teria consentido com a adesão ao golpe após uma reunião com Bolsonaro. A participação de generais como Augusto Heleno e Walter Braga Netto em mensagens indicava apoio à ação golpista.

A investigação revelou ainda a participação de outros militares e agentes na trama golpista, incluindo coronéis, capitães e tenentes-coronéis, demonstrando uma rede de apoio ao intento de Bolsonaro.

No entanto, apesar das acusações e operações policiais, Bolsonaro tem afirmado ser vítima de perseguição, e os militares envolvidos têm se mantido em silêncio ou negado as acusações.

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