Por que agricultores brasileiros estão deixando de plantar feijão – e qual a relação disso com a fome

Atualizado em 10 de novembro de 2021 às 9:57
feijão
Feijão. Foto: Wikimedia Commons

A área plantada de feijão no Brasil encolheu em 35% e isso tem afetado a fome no país, a inflação de alimentos, o boom da soja e cortes de verba para a ciência. A soja tem sido uma forte concorrente dos gêneros básicos. A cotação elevada e o dólar nas alturas têm aumentado o retorno para quem exporta.

Por isso, a área plantada cresceu mais de 5 vezes (460%). Foi de 6,9 milhões de hectares para 38,9 milhões:

Série histórica de área plantada. Foto: BBC

 

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Avanço da soja atrapalha pesquisas sobre o feijão e aumenta preço do PF

O avanço da pesquisa da soja derrubou custos e fez disparar a produtividade. Com isso, as pesquisas sobre feijão pararam. Na capital do grão, Capão Bonito (SP), hoje tem plantações de soja. “A pesquisa com feijão parou no tempo”, diz o agrônomo Nélio Uemura, que viu a produtividade da soja dar um salto nas últimas duas décadas.

Com a queda da plantação de feijão e arroz, o Brasil fica cada vez mais dependente das importações e, consequentemente, mais suscetível às oscilações de preço. Os estoques públicos do grão estão, desde 2017, zerados. Quando o preço sobe, não sobra margem de manobra e acaba aumentando o preço repassado para o consumidor.

Estoque público de feijão no Brasil. Foto: BBC

Esses são os fatores que levaram o prato feito do brasileiro a encarecer. “Arroz e feijão são dois alimentos essenciais na dieta dos brasileiros. Como a quantidade produzida hoje é muito próxima da tendência de consumo, qualquer alteração de safra, vulnerabilidade climática gera instabilidade”, avalia Catia Grisa, professora dos programas de pós-graduação em Desenvolvimento Rural e Dinâmicas Regionais e Desenvolvimento da UFRGS.

As informações são da BBC News.

 

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