A Polícia Militar voltou a matar durante a Operação Verão, na Baixada Santista, após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), dizer que está “nem aí” para denúncias de abusos cometidos pela corporação. A ação estava em um período de dez dias sem vítimas e retomou a letalidade após a declaração do bolsonarista.
As datas mais letais da operação coincidem com as falas de Tarcísio e de seu secretário de Segurança Pública, o bolsonarista Guilherme Derrite. Antes do “tô nem aí” de Tarcísio, que ocorreu em 8 de março, o último caso com mortes na operação havia ocorrido em 27 de fevereiro.
Na ocasião, cinco pessoas foram mortas por PMs num caso em São Vicente, sendo dois adolescentes de 17 anos, um jovem de 18 e outros dois homens, um de 32 e outro de 24, que morreu no hospital dias depois.
Logo após a declaração do governador, no dia 9 de março, um policial militar ficou ferido com dois tiros no braço e um homem foi morto por agentes durante as buscas pelo autor do disparo. Outras 18 pessoas morreram ate o fim do mês, incluindo Edneia Fernandes Silva (31), mãe de seis filhos.
O dia mais letal da operação foi 3 de fevereiro, logo depois do assassinato do soldado Cosmo, que integrava a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). Sete pessoas foram mortas em Santos, São Vicente e Guarujá na ocasião.
O “tô nem aí” de Tarcísio foi uma resposta sobre uma queixa enviada ao Conselho de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) por conta do aumento da violência policial na sua gestão. “O pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não tô nem aí”, disse o bolsonarista.