Pobres os líbios que sobrevivem a Gaddafi

Atualizado em 13 de junho de 2013 às 15:26
A (extinta) guarda pessoal de Gaddafi

A última vez que os líderes do Ocidente festejaram a morte de um líder do mundo árabe foi quando Saddam Hussein foi executado no Iraque.

Deu no que deu.

Em vez de agradecer os americanos pelo fim de Hussein, como Bush e tanta gente imaginava, os iraquianos imediatamente iniciaram uma reação militar contra a presença no país de tropas dos Estados Unidos.

Ruim com Hussein, parecia ser a mensagem, pior com os americanos.

E agora?

Morto Gaddafi,  o que aguarda a Líbia em ruínas? Alguma coisa muito diferente do Iraque?

Quem vai liderar a reconstrução do país? Qualquer líder que pareça pró-Ocidente tenderá a enfrentar resistências ferozes. Parte da população verá inevitavelmente Gaddafi como um mártir islâmico derrubado pelos interesses econômicos do Ocidente. Ele foi arrastado pelas ruas como Heitor em Tróia, com o agravante de que estava ainda vivo. Que mais é necessário para a construção de um mártir?

Gaddafi está morto depois de 42 anos de poder, durante os quais de uma jovem esperança de renovação na Líbia foi se transformando num velho ditador bizarro, nas roupas e nos modos. Tinha uma guarda pessoal de mulheres jovens e bonitas. Atribui-se a ele ter introduzido o “bunga-bunga” em solo italiano. “Bunga bunga” é o nome das orgias associadas ao premiê Silvio Berlusconi, em que homens envelhecidos são entretidos por garotas jovens e bonitas como as antigas guarda-costas de Gaddafi.

Gaddafi encontrou a sorte tão comum a gente que permanece no poder não pelas urnas, não pela vontade do povo, mas pela força.

Pobres os líbios que sobrevivem a ele.