Polícia de boca de urna. Por Fernando Brito

Atualizado em 12 de setembro de 2018 às 10:02
TSE garante segurança da urna eletrônica, mas peritos criminais apontam vícios e falhas no sistema (José Cruz/Arquivo/Agência Brasil)

Publicado originalmente no blog Tijolaço

POR FERNANDO BRITO

Ontem, diversos leitores, nos comentários, vieram “esclarecer” que o ex-governador e candidato ao Senado Beto Richa (PSDB) não havia sido preso pela Lava Jato, que teria prendido apenas um de  seus ex-secretários. Richa, formalmente, teve a prisão pedida pelo MP local, com seu grupo de combate ao crime organizado.

A todos, respondi o óbvio: alguém acredita na mera coincidência de data e hora nas duas operações “autônomas”?

Hoje, nova “coincidência”. Outro dos raros tucanos em boa situação eleitoral, Reinaldo Azambuja,  governador do Mato Grosso do Sul, e candidato à reeleição pelo PSDB, teve, agora cedo sua casa e seu gabinete de governo tomados por policiais, numa operação – ao que se sabe até aqui – de busca e apreensão.

É evidente que sua candidatura não resistirá ao impacto disso.

Será demais entender que todos estes fatos se dão baixo um comando ou, ao menos, uma coordenação?

Ou que, como numa partida de futebol, “Sua Senhoria, o juiz” não esteja, com cartões amarelos para todo lado, preparando a expulsão do “reserva” que,com o craque já suspenso e não podendo jogar, ameaça levar seu time à vitória?

Na Folha, anuncia-se que a corregedoria do Conselho do Ministério Público vai investigar  promotores que estariam  praticando “atos em atropelo apenas com o objetivo de ganhar os holofotes durante o período eleitoral”.

Ganhar os holofotes ou ganhar o poder?

Parece haver uma espécie de partido informal dos “homens da lei”, uma junção aqueles que o general Mourão chamou de “profissionais da violência” com os que,de mãos limpas, legitimam a imundície autoritária.