As postagens na rede usadas pela Polícia Federal como motivo para abrir inquérito contra Guilherme Boulos é de 20 de abril deste ano, após Jair Bolsonaro dizer a seus seguidores, no cercadinho do Alvorada, que ele era a própria Constituição do Brasil.
Boulos fez um comentário no Twitter absolutamente pertinente. A fala de Bolsonaro ecoava as palavras do absolutista francês Luís XIV. “O Estado sou eu”, disse o monarca da França na segunda metade do Século XVII.
Em outro tuíte, Boulos lembrou o fim da dinastia de Luís XIV. “Terminou na guilhotina”, afirmou.
Não há apologia a crime nem insinuação de atentado a Bolsonaro.
O que existe é uma constatação histórica.
Boulos não disse, mas poderia lembrar o destino de outro líder autoritário, o ditador Benito Mussolini, da Itália. Executado pela resistência italiana e pendurado de cabeça para baixo.
Quem cruzou o limite institucional foi o próprio Bolsonaro, ao dizer que ele encarnava a Constituição. Todos sabem que o guardião da Constituição é o STF.
A declaração de Bolsonaro foi feita um dia depois de uma manifestação realizada por seus apoiadores em Brasília, na qual pediram o fechamento do STF, com intervenção militar e a manutenção dele na Presidência.
O advogado de Boulos, Alexandre Pacheco Martins, viajou a Brasília nesta segunda-feira e já pegou uma cópia do procedimento aberto pela Polícia Federal.
Boulos se manifestou por meio de nota.
“Nós não temos medo nem rabo preso. Bolsonaro está usando a PF para nos intimidar e eleger Russomanno. Isso mostra que eles têm medo da nossa candidatura, porque ela é a que tem mais chances de ir ao segundo turno e derrotar o BolsoDoria em São Paulo. Ele também quer desviar o foco para o que lhe atinge. E os 89 mil do Queiroz para a Michelle?”