Policiais, ex-candidatos e empresários: conheça alguns dos condenados pela AGU por atos terroristas

Atualizado em 13 de fevereiro de 2023 às 17:35
Atos terroristas em Brasília em 8 de janeiro
Foto: Sergio Lima

A Advocacia-Geral da União (AGU) pediu, nesta segunda-feira (13), que a Justiça Federal do Distrito Federal condene 54 pessoas físicas, três empresas, além de uma associação e um sindicato, acusados de financiar ônibus fretados para os atos terroristas que depredaram os prédios da Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro. Na lista dos apontados como responsáveis constam nomes de ex-candidatos bolsonaristas e empresários.

Na ação, o órgão afirma configurar “ato ilícito quando o titular de um direito (no caso em específico o direito à livre manifestação e reunião pacífica), ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes, nos termos do art. 187 do Código Civil”. Estas pessoas e empresas já tiveram os bens bloqueados. A AGU quer que os envolvidos paguem R$ 20,7 milhões à União.

Segundo apuração do jornal O Globo, algumas das pessoas listadas pela AGU, como o empresário João Carlos Baldan, posam em fotos com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais ou com integrantes de seu governo, como os ex-ministros Milton Ribeiro (Educação) e Marcos Pontes (ciência e Tecnologia).

Conheça alguns dos 54 condenados pela AGU:

Apontado pela AGU como um dos financiadores dos atos antidemocráticos do último domingo, João Carlos Baldan postou na manhã da invasão da Praça dos Três Poderes que a “boiada [estava] chegando” em Brasília. Ele é apontado pela representação do órgão como o responsável por fretar um ônibus no dia 6 de janeiro de São José do Rio Preto, em São Paulo, com destino a Brasília.

João Carlos Baldané apontado como o responsável por fretar um ônibus no dia 6 de janeiro de São José do Rio Preto, em São Paulo, com destino a Brasília — Foto: Reprodução
João Carlos Baldan com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução

O empresário de Bento Gonçalves (RS) Cesar Bagatini é apontado como financiador de veículo que transportou 36 pessoas de Garibaldi (RS) para Brasília. Ele nega financiamento de frete e participação nas invasões do dia 8, mas confirma que participou, com um grupo, das “manifestações pacíficas”. “Ninguém entrou lá dentro, fomos em grupo e ficamos no gramado”, disse ao jornal O Globo.

Cesar Bagatini, de 36 anos, é empresário de Bento Gonçalves (RS) e CEO da empresa de marcas Conees MD. — Foto: Reprodução
Empresário Cesar Bagatini. Foto: Reprodução

Nelson Eufrosino, mais conhecido como “Nelsinho Chapeiro” é um dos suspeitos de invasão à Praça dos Três Poderes. Ele aparece em imagens que circulam nas redes sociais, pedindo para ser filmado depredando o prédio do Congresso Nacional.

As imagens viralizaram e páginas afirmam que Nelson é um dos 1.200 presos detidos em Brasília. O nome do bolsonarista, porém, não aparece na lista divulgada pela SEAP-DF. Ele teria ido para Brasília em um ônibus que partiu do acampamento localizado ao lado da Câmara Municipal de Ourinhos (SP) na tarde da última sexta-feira (6).

Jorge Rodrigues Cunha foi um dos primeiros presos após os atos golpistas, ainda na semana após o acontecimento. De Pilar do Sul, em São Paulo, ele apontado como responsável de um frete de ônibus de Campinas com destino ao Largo do Rosário, em Brasília. Nas redes ele publicou diversos vídeos do acampamento montado no quartel da capital federal. Jorge fez uma transmissão ao vivo na última segunda-feira de dentro de um dos ginásios que os presos pelos atos foram levados.

O Policial Militar de São Paulo Carlos Eduardo Oliveira participou de atos que questionavam o resultado das eleições no município de São Pedro (SP), onde mora. Ele é suspeito de fretar um ônibus da cidade a Brasília no dia 6 de janeiro.

Carlos Eduardo Oliveira, Policial Militar de São Paulo. — Foto: Reprodução
O Policial Militar, Carlos Eduardo Oliveira. Foto: Reprodução

Josiany Duque Gomes Simas é apontada como responsável pelo fretamento de um ônibus no dia 6 de janeiro de Cuiabá para Brasília. A pedagoga tentou se eleger deputada federal nas últimas duas eleições por seu estado. Em 2022, pelo Patriota, recebeu R$ 325 mil repassados pela direção nacional do partido para sua campanha, que não foi vitoriosa. Ela não se elegeu e teve apenas 622 votos no pleito.

Josiany Duque Gomes Simas foi responsável, segundo a AGU, pelo fretamento de um ônibus no dia 6 de janeiro de Cuiabá para Brasília. — Foto: Reprodução
Josiany Duque Gomes Simas. Foto: Reprodução

A bolsonarista Marcia Regina Rodrigues, de Ribeirão Preto (SP), atuou como cabo eleitoral de Isaac Dalcol Antunes (PL), candidato a deputado federal por São Paulo. Ela recebeu R$ 5 mil para atividades de mobilização do candidato na última eleição.

Marlon Diego de Oliveira foi candidato a vereador na cidade de Tupã (SP) em 2020, pelo PP. Em fevereiro de 2022, a prefeitura ingressou com uma ação contra a empresa em que ele é sócio por loteamento irregular de imóveis e riscos ao meio ambiente. Ele é suspeito de ter fretado um ônibus saindo de Presidente Prudente no dia 6 de janeiro. Não retornou às tentativas de contato.

Nelma Barros Braga Perovani é próxima ao ex-ministro Milton Ribeiro e o descreve como amigo em uma foto na internet. Ela também aparece em imagens ao lado de Marcos Pontes e Daniel Silveira, e participou de um encontro com o atul governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em 2022.

Ela é a criadora de um canal de mensagens no aplicativo Telegram, chamado de Selva Brasil, mas o grupo não foi encontrado. Em tese, o canal foi bloqueado. Nelma é suspeita de ter fretado um ônibus de Bauru, no dia 5 de janeiro, e não respondeu às tentativas de contato em janeiro.

A empresária Nelma Barros Braga Perovani, ao lado de Milton Ribeiro, Marcos Pontes e da prefeita de Bauru, Suéllen Rosim (Patriota) — Foto: Reprodução
A empresária Nelma Barros Braga Perovani, ao lado de Milton Ribeiro, Marcos Pontes e da prefeita de Bauru, Suéllen Rosim. Foto: Reprodução

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