O coronel Paulo José Ferreira de Souza Bezerra, após enfrentar uma batalha contra a depressão e um transtorno de ansiedade, viu sua carreira na Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) tomar um rumo inesperado nos últimos tempos. Com informações do The Intercept.
Em setembro de 2022, ele foi surpreendido com a nomeação como sub-comandante do Departamento de Operações da corporação, sob convite do então comandante, coronel Jorge Naime. No entanto, um ano e meio depois, Bezerra, Naime e outros cinco membros da PMDF estão detidos, enfrentando acusações relacionadas aos atos terroristas de 8 de janeiro de 2023.
Agora, Paulo José alega ser vítima de uma trama elaborada por colegas coroneis, incluindo Naime, com o propósito de eximir a alta cúpula da PMDF de responsabilidade pelos eventos de 8 de Janeiro, transferindo toda a culpa para ele.
O presidente da CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do DF, Chico Vigilante (PT), mencionou a possível existência desse conluio em setembro do ano anterior, porém, o caso não recebeu muita atenção na época.
Documentos obtidos pelo Intercept Brasil corroboram a tese de um plano para enganar a justiça, revelando trocas de mensagens entre os coroneis da PMDF envolvidos no caso. Essas mensagens indicam que o Departamento de Operações foi esvaziado antes dos eventos de 8 de Janeiro, enquanto Paulo José foi mantido alheio ao planejamento de segurança, embora agora seus colegas neguem essa alegação.
Paulo José relata ter sido afastado das comunicações e atividades do departamento, retornando ao trabalho sem informações cruciais sobre os acontecimentos que levaram aos ataques do 8 de Janeiro.
As acusações contra Bezerra como único responsável pelos erros da PMDF naquele dia são contestadas por elementos como mensagens trocadas entre ele e outros membros da corporação, que indicam um isolamento deliberado de Bezerra nas atividades de planejamento de segurança.
O caso, que envolve sete membros da PMDF, incluindo Bezerra, será julgado pelo Supremo Tribunal Federal em fevereiro. Se as denúncias forem aceitas, cada acusado responderá individualmente por omissão imprópria, alegando que eles poderiam e deveriam ter agido para evitar os resultados dos atos terroristas.