Jornalista não tem amigos.
Esta é uma frase de sabedoria eterna. Foi cunhada por um dos maiores jornalistas da história, Joseph Pulitzer, na segunda metade do século 19.
E no entanto é frequentemente desrespeitada.
Um comitê investiga a ética da mídia britânica no rastro do caso das violações telefônicas do falecido tablóide News of the World, de Rupert Murdoch.
A primeira conclusão: há uma proximidade inaceitável entre políticos e jornalistas em que o interesse público fica em risco. Os jornalistas ingleses tinham muitos amigos entre os políticos. O primeiro ministro David Cameron, por exemplo, cavalgava ao lado da jornalista Rebekah Brooks, a rainha dos tabloides caída em desgraça.
Quando vi um vídeo do governador Sérgio Cabral com amigos — entre eles um empreiteiro de duvidosa reputação — num restaurante caro de Paris, a sentença eterna de Pulitzer me ocorreu, transportada do jornalismo para a política.
Político não tem amigo.
Quando políticos e empresários viram subitamente melhores amigos, o interesse público vai automaticamente para o segundo plano.