Políticos da extrema direita argentina recebem Eduardo Bolsonaro e discutem aliança regional

Atualizado em 14 de outubro de 2022 às 15:57

Publicado originalmente no Brasil de Fato 

O “time Bolsonaro” argentino: Joaquín de la Torre, Eduardo Bolsonaro, Miguel Ángel Pichetto e Francisco Sánchez
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Por Fernanda Paixão

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) fez uma aparição sem prévio aviso na Argentina nesta quinta-feira (13). Na manhã de sexta (14), um vídeo publicado em suas redes sociais revelou a motivação eleitoral de sua visita, de modo a produzir uma narrativa contra a esquerda apoiada em desinformações sobre o abastecimento dos supermercados argentinos.

Além da campanha nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro participou de uma reunião com políticos de direita argentinos, e que, segundo informou o jornal Clarín, teria sido organizado pelo consultor político Fernando Cerimedo, articulador da direita na região.

O encontro aconteceu em um lugar reservado para um churrasco, no bairro de Puerto Madero, com figuras da extrema direita do país – representada pelos autointitulados libertários – e da direita tradicional argentina, hoje representada pela coalizão Juntos por el Cambio (JxC), do qual fazem parte o ex-presidente Mauricio Macri e o prefeito da cidade de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta (Propuesta Republicana – PRO).

Neste caso, os representantes do JxC presentes na reunião foram Miguel Ángel Pichetto, ex-companheiro de chapa de Macri e presidente do partido Encuentro Republicano Federal, através do qual lançou sua pré-candidatura à presidência nesta semana; o senador pela província de Buenos Aires, Joaquín de la Torre, que trabalha com Patricia Bullrich em sua pré-candidatura; e os deputados do PRO Dina Rezinovsky e Francisco Sánchez.

Este último, deputado ultraconservador pela província de Neuquén, chegou a pedir pena de morte à Cristina Kirchner no contexto do processo judicial que pede 12 anos de prisão à atual vice-presidenta. Sánchez é opositor das políticas de gênero e membro da organização Acción Republicana, responsável por protestos com sacos para óbito simulando cadáveres de políticos peronistas e defensores de direitos humanos, como as mães da Praça de Maio.

As manifestações da direita tiveram grande visibilidade durante o isolamento social devido à pandemia de covid-19, e os lemas violentos com bolsas funerárias e guilhotinas são apontadas como um dos incentivadores de atos efetivamente violentos, como a tentativa de assassinato de Cristina Kirchner, no mês passado.

Com a ascensão da ultradireita, a direita tradicional se movimentou para radicalizar suas investidas.

No entanto, desse campo da extrema direita, chamou a atenção a ausência dos dois líderes dos principais partidos: José Luis Espert, do Avanza Libertad, e Javier Milei, do La Libertad Avanza.

Presente na reunião, a deputada Carolina Píparo, do partido Avanza Libertad, publicou uma foto com Bolsonaro em sua rede social, a quem atribuiu “coragem e convicção para continuar enfrentando as batalhas que nossa região precisa”.

O deputado de 27 anos Nahuel Sotelo, do Avanza Libertad, também participou da reunião, além do legislador portenho Ramiro Marra, que tem ganhado notoriedade no partido de Milei por suas declarações criminalizando movimentos sociais.

O jornal Clarín informou que, segundo fontes sigilosas, um dos debates da reunião foi a “luta contra a esquerda”, o “cenário no Brasil” no contexto da eleição presidencial e a proposta de uma “unidade das direitas de todos os países”.

Neste sentido, Eduardo Bolsonaro empenha a articulação bolsonarista com a direita internacional. Seu nome consta na carta de madri, uma proposta de aliança internacional do partido de ultradireita espanhol Vox “para frear o avanço do comunismo na ibero-esfera”.

Reforço de fake news sobre desabastecimento na Argentina

O vídeo divulgado nesta manhã de sexta em suas redes sociais mostra um Bolsonaro bem recebido pela comunidade argentina, sendo cumprimentado nas ruas e recebendo abraços de brasileiros ao passear na rua Florida, no centro portenho. Em dado momento do vídeo, abre uma geladeira vazia em um supermercado e diz: “é o que faz o socialismo”.

O gesto faz referência às fake news que apoiadores de Jair Bolsonaro na Argentina viralizaram recentemente nas redes. Trata-se de imagens que focam em partes de geladeiras ou estantes vazias em supermercados de Buenos Aires, na intenção de construir uma narrativa de desabastecimento dos supermercados do país.

A realidade é que não há problemas de desabastecimento na Argentina. Brasileiros moradores da Argentina, como a jornalista Luciana Taddeo, têm publicado vídeos de supermercados de diversos pontos do país para derrubar a desinformação repetida de forma constante pela família Bolsonaro, especialmente agora durante a campanha eleitoral.

 

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