O Partido dos Trabalhadores (PT), de volta à Presidência após costurar uma frente ampla de partidos em 2022, adota uma estratégia diferente para as eleições municipais de 2024. A sigla, que registrou um desempenho aquém das expectativas em 2020, planeja lançar candidatos próprios a prefeito em apenas 16 dos 26 estados onde haverá disputa.
A mudança na abordagem visa concentrar esforços onde há maiores chances de vitória, após o partido não conquistar nenhuma das 21 capitais em que concorreu há quatro anos. Entre as cidades em que o PT abrirá mão da candidatura própria estão São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, representando uma mudança significativa na estratégia, especialmente na capital paulista, onde o partido nunca deixou de ter um candidato desde a sua fundação na década de 1980.
O senador Humberto Costa (PT-PE), que coordena o grupo montado pela legenda para discutir o pleito, destacou, em entrevista ao jornal O Globo, a adaptação da estratégia a cada eleição, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), ressalta a busca por uma participação mais qualificada e com maior chance de vitória.
“A estratégia (em 2020) era ter candidatura onde fosse possível para denunciar a perseguição ao PT, ao presidente Lula, para reafirmar o projeto do partido que estava sofrendo um ataque muito forte. Cada eleição há uma estratégia diferente”, afirmou.
Mesmo entre as 16 cidades em que o PT pretende ter candidato, há possibilidades de composição. Em Curitiba, por exemplo, o PSB pressiona os petistas a abdicar da candidatura. Gleisi Hoffmann pondera que o partido ainda não definiu completamente as candidaturas, e o número de disputas pode se alterar até as convenções, a partir de julho.
Há uma preocupação do PT em dialogar com partidos aliados, especialmente os que fazem parte da aliança com o governo federal. No entanto, em algumas capitais, o PT deverá ser adversário de partidos que integram a base, como em Belo Horizonte, onde o deputado Rogério Correia anunciou pré-candidatura contra o atual prefeito, Fuad Noman, do PSD.
A decisão de abrir mão de candidaturas enfrenta resistências, como em São Paulo, onde o apoio à candidatura do deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP) sofreu rejeição do diretório municipal. Apesar disso, Boulos, próximo de Lula, conta com o empenho pessoal do ex-presidente para sua eleição, incluindo uma articulação para que a ex-prefeita Marta Suplicy voltasse para o PT e entrasse na chapa como vice.
Lula tem feito movimentos em apoio a aliados em outras capitais, como Mato Grosso, onde o PSD desistiu de ter candidato em Cuiabá e indicará a vice do candidato do PT. Em Salvador, há consenso de que o PT apoiará a candidatura do emedebista Geraldo Júnior.