O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) planeja usar a posse de Javier Milei na Argentina, no próximo dia 10, como o primeiro grande evento político desde sua derrota nas eleições presidenciais de 2022. Após uma série de derrotas na Justiça e fiascos Brasil afora, o inelegível pretende adiantar o embarque a Buenos Aires em alguns dias para tentar capitalizar um pouco a popularidade do vizinho eleito.
Acompanhado por parlamentares e governadores, o ex-chefe do Executivo liderará uma “caravana da direita” que servirá como termômetro para avaliar sua força política.
Além de participar das cerimônias, aliados de Bolsonaro mantêm a expectativa de um encontro bilateral com Milei e outros interlocutores do novo presidente argentino. Segundo aliados, o ex-presidente também poderá se encontrar com apoiadores em Buenos Aires.
Esta será a primeira viagem internacional de Bolsonaro desde seu retorno dos Estados Unidos, para onde embarcou após perder a eleição. A estadia na Argentina se estenderá até o dia 11.
Bolsonaro enfrenta pressões políticas e jurídicas desde sua derrota eleitoral, incluindo investigações sobre atos antidemocráticos, fraude em cartões de vacina e joias recebidas de autoridades estrangeiras.
Em junho, o ex-presidente foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por oito anos, devido aos ataques ao sistema eleitoral durante a campanha.
A eleição de Milei é vista pelos aliados de Bolsonaro como um respiro em meio a um ano de dificuldades. O ex-mandatário conversou por videochamada com o político argentino após a vitória no pleito.
Na ocasião, o ex-presidente foi convidado à posse e disse que participaria. Ele também classificou a vitória do ultraliberal como um sinal de que “a esperança volta a brilhar na América do Sul”.
Bolsonaro pretende chegar com uma comitiva de peso na posse do argentino. Ele já convidou cinco governadores para o evento: Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Ratinho Jr. (PSD), do Paraná.
O ex-chefe do Executivo disse à coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, que iria à posse mesmo se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidir comparecer. “Nada muda. Para mim, o Lula não existe. Ele faz a parte dele lá, eu faço a minha. Não vou brigar com ninguém”, afirmou.
“Agora, se o Lula for lá [na posse], vai ser vaiado. Ele tem que se mancar”, acrescentou.