Leitores do DCM correram para desqualificar a pesquisa CNT/MDA que acabou de sair.
Com toda a maquiagem que possa ter sido feita, ela é extraordinariamente reveladora no que diz respeito a Temer.
Apenas 11,3% dos ouvidos aprovam Temer. A mídia está tentando mitigar o efeito explosivo deste número comparando-o com o de Dilma nos últimos dias antes do impeachment.
Mas é uma falácia.
Dilma vinha sob frenético bombardeio da mídia. Manifestações de analfabetos políticos recebiam holofotes superpotentes, bem como as ações espetaculosas da Lava Jato.
Só por milagre ela teria bons índices nas pesquisas, dadas as circunstâncias.
Mas com Temer a história é bem diferente. Ele foi vendido pela imprensa como alguém capaz de unificar o país. Ele próprio, num momento de ufanismo idiota, afirmou que faria um governo de “salvação nacional”.
O tempo desgasta qualquer governo. Há sempre uma lua de mel para novos presidentes, uma taxa de tolerância que aos poucos vai minguando.
Temer conseguiu liquidar a lua de mel antes mesmo de começá-la. Os números demonstram que ele foi rejeitado desde a largada. É um patinho feio sem jamais ter tido um instante de cisne.
Para ele, o cenário só tende a piorar. Se ele carrega um índice miserável de apoio agora, quando teoricamente seu crédito seria alto, que vai acontecer daqui por diante?
Quando ele vai chegar a zero?
Churchill, num de seus grandes momentos como orador, disse o seguinte de um líder trabalhista que estava no poder, Clement Attle. “Um táxi chegou vazio a Downing Street 10 e dele desceu o Attle.” (Aquela é a sede do governo britânico.)
O mesmo vale para Temer. Um táxi chegou vazio ao Planalto, e dele desceu Temer.
Ele não tem a mínima condição de governar o Brasil numa situação tão dramática. Não há ajuda da mídia capaz de mudar este fato básico da vida como ele é.
Temer é uma desgraça, e é assim que os brasileiros o enxergam quando a plutocracia imaginava que ele seria visto como uma solução.
O golpe micou.
Restam duas alternativas. Uma é devolver a Dilma o que lhe foi roubado. A outra é chamar eleições presidenciais o mais rápido possível.
Até pela brutal injustiça de que Dilma foi vítima, preferiria a alternativa um. Mas penso que a dois — novas eleições — é a que tende a vencer.