Por que o delegado da PF inocentou tão rapidamente os Perrellas no caso do helicóptero com coca?

Atualizado em 24 de outubro de 2014 às 16:24

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O espetaculoso caso do helicóptero do deputado estadual Gustavo Perrella, filho de Zezé,  flagrado com 445 quilos de cocaína, deixou muitas perguntas sem resposta.

O juiz federal Marcus Vinícius Figueiredo de Oliveira Costa enumerou algumas delas: “Há realmente diversos aspectos que dependem de investigação, como a origem da droga apreendida, a dúvida sobre a internacionalidade, o papel dos envolvidos e a possível participação de terceiros”.

O governador do Espírito Santo quer incorporar a aeronave à frota da Polícia Militar. Esse tipo de procedimento é comum com bens de traficantes. Ela é de propriedade da Limeira Agropecuária e Participações, empresa que está no nome de Gustavo.

O problema é o seguinte: o delegado responsável pelas investigações, Leonardo Damasceno, descartou totalmente a participação dos Perrellas. Ou seja, o helicóptero, tecnicamente, é da família e ninguém tasca. “Pará nós, essa questão [do papel dos Perrellas] está encerrada”, disse Damasceno apenas duas semanas após a apreensão.

E essa é, talvez, a maior questão: por que os Perrellas foram inocentados tão rápida e peremptoriamente pelo delegado da Polícia Federal?

A velocidade com que ele chegou a essa conclusão é impressionante — levando-se em conta que houve um pedido à Justiça para que o inquérito fosse estendido (deve ser concluído no fim do mês). Gustavo e sua irmã foram ouvidos, mas apenas como testemunhas, em horários marcados por eles.

Foi Gustavo quem contratou o piloto Rogério Antunes, funcionário de confiança na Assembleia Legislativa de Minas. Para Damasceno, Antunes agiu “de forma isolada”.

Quem é Leonardo Damasceno? O DCM teve acesso a alguns detalhes de sua carreira. Formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais e é pós-graduado em Direito Público e Processual pela UNIVES/CONSULTIME e em Ciências Criminais pela UNISUL. Em 1996, foi nomeado para o cargo de agente fazendário em Belo Horizonte.

É delegado da PF na Superintendência Regional do Espírito Santo há mais de 10 anos. Em janeiro, assumiu um cargo político no município de Serra, de secretário de Defesa Social.

O prefeito de Serra é Audifax Barcelos (PSB). Damasceno ficou cerca de três meses. O conflito de interesses era evidente: como ele investigaria, numa suposição, a prefeitura?

Damasceno esteve à frente de operações como “Duty Free”, que desbaratou um bando especializado em crimes ligados à área do comércio exterior, e “Calouro”, que apanhou fraudadores de mais de 50 vestibulares em 30 instituições de ensino superior privadas.

Para ele, a prova de que os Perrellas não têm nada a ver com o busílis são as mensagens de SMS trocadas entre os únicos quatro homens presos até o momento. “As conversas entre eles mostraram isso”, diz ele.

É, uai.

 

O delegado Damasceno
O delegado Damasceno